Sabrina Craide
Enviada Especial
Belém - Um grupo de 120 jovens formados pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) resolveram voltar para sua comunidade e criar serviços de acesso às tecnologias da informação. Assim nasceu a cooperativa Pirambu Digital, no Bairro Pirambu, que fica na periferia de Fortaleza. A localidade tem 350 mil habitantes e é conhecida pelos altos índices de violência e baixo desenvolvimento social.“Em vez de cada um procurar seu emprego e se deslocar da comunidade, eles resolveram voltar para ela, serem felizes profissionalmente e gerar economia no local”, explica o diretor administrativo-financeiro da cooperativa, Bruno Queiroz. O caso da Pirambu Digital foi apresentado hoje (6) durante a 7ª Oficina para Inclusão Digital, que se realiza em Belém.Além de cursos de informática e inglês, a Pirambu oferece serviços de desenvolvimento de software, criação de sites, manutenção de computadores, criação de projetos de redes e implantação de projetos de inclusão digital.Segundo Queiroz, cerca de 600 pessoas circulam diariamente na sede da Pirambu Digital. Em contrapartida aos serviços utilizados, todos têm que desenvolver trabalhos sociais para a comunidade, multiplicando o alcance da cooperativa para até 6 mil pessoas.Uma das iniciativas da Pirambu Digital é o chamado condomínio virtual, que oferece internet, computadores e treinamento para facilitar o acesso da comunidade à rede mundial de computadores. Os condomínios são formados por grupos de quatro a dez moradores, e um deles é escolhido como o “síndico”, que fica responsável pela antena receptora do sinal da internet e compartilha a conexão com os vizinhos.Os computadores utilizados pelo condomínio são doados por pessoas e empresas, e passam por uma reciclagem na cooperativa. Depois, são repassados aos moradores por R$ 10 mensais, durante dez meses. Depois desse período, a máquina passa a ser do próprio morador. O acesso à internet custa R$ 5 por mês.A cooperativa também oferece uma lan house para os jovens da comunidade. Mas, para poder jogar, eles têm que ficar pelo menos uma hora na biblioteca comunitária, e fazer resumos das leituras.O caso da Pirambu Digital está concorrendo para representar o Brasil no intercâmbio de experiências de Inclusão Digital entre a África do Sul e a Índia (Ibas), que será realizado no ano que vem. O público presente à 7ª Oficina para Inclusão Digital vai escolher o melhor caso de sucesso apresentado durante o evento.