Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Brasil só conseguirá melhorar a qualidade do ar nas regiões metropolitanas quando adotar, não só padrões restritivos, mas também metas claras para dar andamento aos projetos de redução da poluição. A opinião é do membro do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) de São Paulo, Carlos Bocuhy.Ele participou hoje (5) do Seminário Internacional Políticas Públicas e Padrões de Qualidade do Ar na Macrometrópole Paulista, que põe em debate a medição da qualidade do ar e os efeitos na qualidade de vida da população. Segundo Bocuhy, o Brasil está defasado em relação aos padrões de poluição atmosférica determinados em outros países.“A discussão que se coloca no Consema a pedido dos ambientalistas é que se estude meios para adoção de padrões mais restritivos no Brasil atendendo às pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mas também que se defina quais as políticas públicas necessárias para esse controle de poluição. Ao mesmo tempo que adotamos novos padrões temos que ter metas claras ”, alertou o conselheiro.De acordo com ele, quando se fala em controle de poluição é necessário uma política intersetorial, já que ao se falar de qualidade do ar, refere-se automaticamente à saúde pública, o que exige não só ações das agências de controle ambiental como da área de saúde para trabalhar preventivamente. Para Bocuhy, também devem atuar os setores de energia e de transporte. “Principalmente das áreas ligadas às grandes cidades, porque é onde se concentra maior população e maior atividade, portanto se concentra maior atividade poluente. Nessas regiões ações integradas do poder público são necessárias para que se tenha um ambiente mais saudável”, afirmou.O conselheiro explicou que na cidade de São Paulo o principal problema é o causado pela poeira resultante dos transportes. Para ele, se as autoridades não adotarem padrões e implementarem o Programa de Controle Veicular (Proconve), além de informar à sociedade quais os limites de poluentes que o organismo pode suportar, não será possível adotar metas e políticas para atingir esses objetivos.Ele ressaltou que é importante ter uma avaliação prévia das políticas públicas para promover saúde, ou seja, quando se pretende implantar políticas públicas para o transporte, por exemplo, é preciso que a sociedade tenha uma avaliação dos impactos dessa política. “A grande questão é planejar para a saúde de forma preventiva. Isso com uma discussão pública transparente para promovermos cidades saudáveis, ambientes saudáveis, e a segurança para a saúde da população”.Para Bocuhy as ações existentes no Brasil com relação à questão da poluição atmosférica são ineficientes. Ele citou como exemplo a iniciativa de implementar um diesel mais limpo, que não avançou por falta de investimentos. “Essa ausência de metas, de uma política de governo e de sociedade no sentido de que se cumpri-las são necessárias. No Brasil, nós ainda estamos fazendo essa discussão de qualidade do ar e infelizmente em um momento muito difícil no qual não conseguimos atingir um modelo civilizatório mais adequado”.