Cemitério dos Ingleses deve receber o menor público neste Dia de Finados no Rio

02/11/2008 - 13h26

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Há quase 200 anos, o Cemitério dos Ingleses, no Rio de Janeiro, um dos menores da cidade, atende a descendentes de britânicos que morrem na capital fluminense. Neste Dia de Finados (2), cerca de 100 pessoas devem passar pelo local, no centro do Rio, para homenagear parentes mortos. “Não é muita coisa em comparação com os outros cemitérios”, afirma o administrador Chris Hieatt. “Mas é um número razoável para um cemitério com 2 mil jazigos, no qual boa parte dos familiares dos mortos não está mais no Brasil”. Em um dos maiores cemitérios do Rio, o São Francisco Xavier - considerado o maior da América Latina -, na zona portuária, a expectativa é de receber mais de 1,2 milhão de pessoas. Na manhã de hoje, não havia vagas no estacionamento da Rua Monsenhor Monsenhor Manoel Gomes. Funcionando desde 1810, o Cemitério dos Ingleses foi criado para enterrar os estrangeiros protestantes, que não podiam ficar junto aos católicos e acabavam sepultados nos mesmos locais destinados ao enterro dos escravos. Atualmente, brasileiros  também podem ser sepultados no local, mas ainda predominam lápides britânicas.Segundo o zelador Wilson Alves, gerações são enterradas ali. Há 35 anos no local, ele conhece a história de muitas famílias que trocaram a Europa pelo Brasil. É o caso da família da aposentada Gladys Fenton, 87 anos. Ela nasceu no Brasil, mas o pai, inglês, trocou a vida na Marinha Britânica por um emprego em uma fábrica de tecido na zona norte da cidade do Rio. Logo, trouxe sua mãe. Com os netos e uma sobrinha, Gladys visitou hoje os jazigos da família, rotina que cumpre há mais de 50 anos, quando faleceu o marido, também inglês. Para ela,o dia é para relembrar e se deixar levar pela saudade: “Ele não era bonito, era simpático. Mas foi um marido excelente”. O Cemitério dos Ingleses do Rio é um dos mais antigos desse tipo no país. Antes da construção do porto, ficava de frente para o mar. Hoje, está ao pé do Morro da Providência, que avança sobre os muros do campo santo. Cerca de 25 pessoas são enterradas por ano no local, que é mantido pela comunidade britânica no Brasil.