Da redação
Brasília - O primeiro-ministro português, José Sócrates, defendeu nesta quarta-feira a criação de uma grande operadora luso-brasileira de telecomunicações para defender e promover a língua portuguesa no mundo e disse que a Portugal Telecom (PT) "está na Vivo para ficar", informa a Agência Lusa."Sim, acredito. Era mesmo isso a que me referia", afirmou José Sócrates, quando questionado pela Lusa sobre se defende a criação de uma grande operadora luso-brasileira de telecomunicações e referindo-se a um discurso que proferiu minutos antes, durante a cerimônia de assinatura de um protocolo entre a Portugal Telecom e a Bahia.Notando a existência de uma "disputa" entre as principais línguas mundiais, José Sócrates acrescentou que "é obrigação dos Estados promover a língua", o que "se deve fazer também através de parcerias" entre as empresas de telecomunicações."A língua portuguesa é o mais importante ativo que temos, é o nosso maior patrimônio", afirmou ainda o primeiro-ministro, acrescentando que é "responsabilidade de todos" defender e promover o idioma materno.Sem especificar se a criação deste grande player deve ocorrer através de movimentos de consolidação ou mediante parcerias estratégicas entre as empresas do setor, José Sócrates voltou a frisar a necessidade de criar uma empresa que possa competir com os grandes gigantes do setor a nível internacional.Antes, durante a sua intervenção na cerimônia e discursando para uma platéia que incluía políticos e jornalistas brasileiros, Sócrates apelidou a Portugal Telecom de "jóia da coroa" entre as empresas nacionais, garantindo que a operadora liderada por Zeinal Bava – onde o Estado mantém uma 'golden share' que lhe garante direitos especiais – "está na Vivo e no Brasil para ficar"."A responsabilidade é grande e começa nas telecomunicações", defendeu.Estas declarações ocorreram num momento em que o futuro da parceria entre a PT e a Telefónica no controlo da Vivo – a maior operadora móvel brasileira – permanece incerto, uma vez que o apoio dos espanhóis à Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Sonaecom sobre a PT, em 2006, reduziu a parceria estratégica entre as duas operadoras ibéricas a quase um casamento de conveniência.Tanto a PT como a Telefónica recusam vender a sua metade na Vivo, afirmando-se, pelo contrário, como compradoras.As declarações de Sócrates representam, por isso, um sinal claro de apoio público do Executivo à recusa em vender a metade portuguesa da Vivo aos espanhóis, que tem sido defendida igualmente pelo 'núcleo duro' acionista da operadora.Por outro lado, os analistas que acompanham o setor consideram que o novo grupo brasileiro de telecomunicações que vai nascer da fusão entre a Telemar (Oi) e a Brasil Telecom poderia ser uma alternativa de investimento para a PT, através de uma troca de participações, um movimento que o governo brasileiro já anunciou ver com bons olhos.Outro cenário possível será a eventual compra da TIM Brasil à Telecom Itália por parte da Telefónica, que tem sido noticiada como possível pela imprensa italiana e que obrigaria os espanhóis a sair da Vivo, abrindo caminho a uma tomada de controle por parte da PT.