Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Banco do Brasil(BB) não visa, no momento, à compra de nenhum banco,além dos que estão em negociação: Bancodo Estado do Piauí (em processo de incorporação),Nossa Caixa, de São Paulo, e Banco Regional de Brasília(BRB), com negociações em curso.A garantia foi dada hoje (22) pelo vice-presidentede Finanças do BB, Aldo Luiz Mendes, ao explicar os efeitos daMedida Provisória 443, que permite ao BB e à CaixaEconômica Federal participar da compra direta ou fusõese incorporações de bancos, em igualdade de condiçõescom bancos comerciais.A edição da MP 443 gerouespeculações de que os bancos públicos estariamprestes a adquirir instituições bancárias, comoforma de "arrumar" o Sistema Financeiro Nacional (SFN) paraenfrentar melhor a crise financeira mundial. Aldo Mendes disse,entretanto, que "essa é uma leitura imediatista damedida provisória".Segundo Mendes, a MP se insere mais numa visãode potencialidade. Ele disse que "a medida apenas se antecipa aum movimento que pode vir a acontecer", como ocorreu nos EstadosUnidos e na Europa, com incorporações e compras debancos e seguradoras.Ele afirmou que a legislação vigentenão permite que BB e Caixa participem de eventual processo deabsorção de bancos comerciais. "Estaríamos,pois, alijados de um processo que poderia ser muito bom para o banco,se fusões viessem a ocorrer".Cauteloso, falando sempre no condicional, AldoMendes ressaltou que, "em momentos de liquidez concentrada, quemtem dinheiro dá as cartas do jogo". Ele lembrou que o BBpode dispor de pelo menos R$ 5 bilhões da liberaçãodo compulsório bancário, e "seria ruim ficar defora do processo, por uma questão legal".O vice-presidente de Finanças do BB disseque, diferentemente das crises anteriores, nascidas em paísesemergentes, o problema agora vem do centro do sistema financeiro. Ofato de não estarmos no "olho do furacão nos dáa vantagem de poder tomar algumas medidas de precaução,e nos anteciparmos aos acontecimentos", afirmou.Mendes disse que esse foi o caso em que o BancoCentral atuou para liberar parte do compulsório bancário(recolhimento que os bancos são obrigados a fazer de parte dosdepósitos para que o governo tenha melhor controle sobre odinheiro em circulação). Citou também aagilidade com que o BC atuou na realização de leilõesde dólares para atender as exportações, alémda permissão do Conselho Monetário Nacional (CMN) paraoperações de redesconto bancário."Foram todas medidas que se anteciparam dealguma forma às necessidades do mercado, e acho que o governofez muito bem em soltar essa medida [MP 433}, porque, em casode eventual movimentação no sistema bancário,poderemos disputar em igualdade de condições com osdemais bancos. Não queremos ficar de fora de eventual onda decompra, se vier a acontecer", acrescentou.