Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O fato de o Brasil ser credor externo público desde 2006 criou uma conjuntura favorável ao país em meio à crise financeira internacional, disse hoje (21) o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Em explanação à comissão geral do Congresso Nacional, sobre os efeitos da crise na economia brasileira, ele afirmou que a desvalorização cambial das últimas semanas diminuiu o custo de carregamento das reservas internacionais e facilitou a administração da dívida pública.Segundo Meirelles, o Brasil está colhendo os frutos da estratégia adotada, nos últimos anos pelo governo, de livrar-se da dívida pública vinculada ao dólar. “O Banco Central sofreu muitas críticas quando estávamos comprando dólares com a cotação em baixa, mas essas ações elevaram a resistência do país”, destacou.O presidente do BC lembrou que, se for abatido da parcela da dívida pública atrelada ao dólar tudo o que o país tem a receber dos credores internacionais, o país tem dívida líquida negativa. Na posição de credor externo, ressaltou, isso pode ser benéfico ao Brasil porque, num cenário de alta do dólar, o país receberá mais em reais.“Nas outras crises, o endividamento externo criava insegurança nos agentes econômicos porque a dívida cambial disparava em relação ao PIB [Produto Interno Bruto]. Agora, essa dívida cambial não existe porque o setor público é credor. Então, em vez de aumento, está havendo redução da dívida pública”, explicou Meirelles.Em 2002, lembrou o presidente do BC, o Brasil tinha 55% da dívida total pública (interna e externa) vinculada ao dólar. Atualmente, segundo ele, o país tem 28,1% da dívida na posição credora em dólar.Meirelles fez um resumo das medidas adotadas pelo Banco Central nas últimas semanas para conter a alta do dólar e a escassez de crédito provocadas pela crise internacional. Segundo ele, o BC vendeu, até agora, US$ 3,2 bilhões das reservas internacionais para conter a alta da moeda norte-americana e ofereceu US$ 3,7 bilhões em vendas compromissadas de dólares, nas quais a instituição compradora tem o compromisso de devolver a quantia adquirida.Em relação à redução do compulsório (parcela que os bancos deixam depositada no Banco Central), medida que pode injetar até R$ 100 bilhões na economia, Meirelles lembrou que esse valor é ainda menor do que a quantia gasta por outros países atingidos diretamente pela crise.