Ataques pessoais e polêmica sobre cobertura da imprensa dão tom do segundo turno em BH

21/10/2008 - 13h04

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A campanha eleitoralpara a prefeitura de Belo Horizonte cresceu em tensão nosegundo turno. A troca de acusações, inclusive de cunhopessoal, tem sido a tônica do discurso dos candidatos Leonardo Quintão(PMDB) e MárcioLacerda (PSB). Lacerda é apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) epelo prefeito Fernando Pimentel (PT) em uma aliança informal entre as legendas adversárias no plano nacional. Lacerda acionoujudicialmente Quintão, após o peemedebista ter dito,durante um debate, que o socialista não fora preso políticodurante o regime militar, mas preso comum. O candidato do PSB tambémquestionou a validade do diploma em administraçãopossuído por Quintão, fruto de um curso no exterior.Lacerda tem chamado o adversário de “despreparado” e aindaresponsabiliza Quintão pela divulgação demensagens anônimas que difamam sua candidatura . O peemedebista por suavez, registrou boletim de ocorrência em delegacia alegando tersido alvo de ameaças por parte de correligionários deLacerda. Quintão se refere a Lacerda como candidato“fabricado” e “artificial”. A coordenaçãoda campanha de Quintão acusa a imprensa mineira de fazercobertura tendenciosa em apoio a Lacerda, motivada por fatoreseconômicos decorrentes de uma suposta influência dogoverno estadual e da prefeitura. “Há um grandedomínio da prefeitura e, em especial, do Palácio daLiberdade [sede do governo de Minas] sobre a imprensa de Minas, queestá sendo utilizada de forma escancarada como instrumento decampanha do candidato chapa branca. A partir do momento que nãohouver mais a campanha de televisão, ficaremos sem condiçãode responder a qualquer tipo de ataque”, criticou o deputadoestadual Sávio Souza Cruz (PMDB), um dos coordenadores dacampanha de Quintão.O deputado peemedebistanão descarta, inclusive, um estremecimento na relaçãoentre a bancada do partido e o governador de Minas após o fimda campanha em Belo Horizonte. O PMDB é um dos partidos dabase de Aécio na Assembléia Legislativa. “Quem apanhadificilmente esquece, e o PMDB tem apanhado muito”, ressaltou. O deputado federalRodrigo de Castro (PSDB), coordenador da campanha de Lacerda e umdos parlamentares mais próximos do governador AécioNeves, alegou que as críticas da coligação deQuintão ao comportamento da mídia são umatentativa de desviar o foco do debate político. “Essas críticassão antigas e ultrapassadas e se devem à popularidadedo governador. A imprensa mineira é reconhecida nacionalmentepor sua qualidade”, assinalou Castro. “A própria Folha deS. Paulo, um jornal nacional, já publicou textos críticosà falta de conteúdo do outro candidato [Quintão]”.Castro disse ainda queo deputado estadual Souza Cruz não tem autonomia para falar emnome da bancada do PMDB na Assembléia Legislativa. O deputadofederal Virgílio Guimarães (PT) , que divide acoordenação da campanha de Lacerda com Castro, reagiucom bom humor quando confrontado com as declarações deSouza Cruz.“Ele [Souza Cruz] é meu amigo, meu conterrâneo,um provocador de primeira. O mundo sem ele seria pior, com menostempero e menos sal”, disse Guimarães. “O leitor tem quetirar suas conclusões. De minha parte, acho a imprensa mineirafantástica e ela tem a credibilidade do povo mineiro”.Segundo a última pesquisa Datafolha, do dia 17 deste mês, a diferença entre os candidatos é de dez pontos percentuais em favor de Quintão. A vantagem momentânea representa quase os 8% de votos válidos obtidos pela candidata Jô Moraes (PCdoB) no primeiro turno, que declarou apoio ao peemedebista. Tanto Quintão quanto Lacerda apostam suas fichas no último debate na TV para conquistar indecisos e tentar garantir a vitória no próximno domingo. No primeiro turno, a diferença entre os dois após a apuração dos votos foi de apenas 2% em prol de Lacerda.