Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A partir dodia 20 deste mês, de seis a oito mil trabalhadores do setor deprodução de veículos de duas rodas do Pólo Industrial de Manaus (PIM) vãoiniciar o período de férias parciais de fim de ano que,anteriormente previstas para dezembro. Deacordo com o secretário de comunicação eimprensa do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, SidneyMalaquias, a antecipação das férias parciais éresultado da decisão de grandes empresas, como a Moto Honda ea Yamaha, para desacelerar a produção neste momento,quando também ocorre uma diminuição no índicede vendas ao consumidor." Sabemos que asférias são um prazo dado pelas empresas para ver comoficará o cenário internacional. Cada empresa estáfazendo um balanço do estoque para saber qual será omelhor período para as férias de fim de ano de seupessoal. Com isso, as fábricas pretendem tambémeconomizar vale-transporte e alimentação nesse períodode menor consumo", disse Sydney Malaquias.Para o dirigente sindical, diante da crise financeira internacional, o clima no PIM é dealerta. Ainda assim, apesar da atençãodos empresários, não há razões, nomomento, para maiores preocupações. Ele informou queas férias agendadas para o fim deste mês jáestavam marcadas e apenas tiveram data alterada. Para tanto, segundoMalaquias, as empresas que tomaram essa decisão levaram emconsideração as obrigações do período,as encomendas recebidas e os insumos (componentes necessáriospara a fabricação de produtos) estocados."Eram fériasque já estavam programadas, só vão ocorrer antesdo previsto. Isso não é nenhum problema. Dia 31 todosesses trabalhadores já terão que retomar suasatividades", acrescentou.No último dia10, a direção da Moto Honda anunciou que 2,3 milempregados terão férias parciais entre 20 e 31 destemês. Apesar da troca de datas dessas férias, a direçãoda Moto Honda – que emprega 10 mil funcionários é amaior do segmento em Manaus – já descartou a possibilidadede demissões pela atual conjuntura econômica. Todos osanos, a empresa produz cerca de 1,6 milhão de motocicletas nasquatro linhas de produção que possui no PIM. Por causadas férias, a previsão é que 40 mil motos deixemde ser fabricadas.Dados do Sindicato dosMetalúrgicos do Amazonas apontam que, dos aproximadamente 108mil trabalhadores do PIM, 30 mil profissionais estejam no setor deduas rodas. Eles ocupam o segundo lugar no ranking de setores quemais empregam no parque industrial da capital amazonense, perdendoapenas para o segmento de eletroeletrônicos, que emprega cercade 45 mil pessoas.Na avaliaçãodo economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia(Corecon AM/RR), Erivaldo Lopes, apesar das especulaçõese da preocupação dos trabalhadores de Manaus compossíveis efeitos da crise internacional em Manaus, nãohá hoje nenhuma crise instalada no parque fabril da cidade."Neste momento,não podemos falar que existe uma crise no PóloIndustrial de Manaus. O mercado brasileiro ainda está bastanteaquecido e, apesar da crise financeira mundial, as empresasde Manaus estão produzindo com os insumos já compradose devem esperar como o cenário econômico mundial vai sedefinir até o fim do ano", disse o empresário. Para ele as autoridades monetárias dospaíses em crise estão tomando as providênciasnecessárias e será apenas uma questão de tempo para ajuste ao novo cenário.Lopes explicou, no entado, que a industria de duas rodas acaba sendo mais suscetíveis àcrise mundial porque dependem do crédito para a venda de seusprodutos. "Produtos mais caros, como motos, dificilmente sãocomprados à vista. O consumidor desse produto precisa decrédito para fazer o financiamento do produto e levá-lopara casa. Com a diminuição do crédito, énormal que os empresários queiram desacelerar a produção",explicou.O presidente emexercício do Sindicato das Indústrias dos AparelhosElétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus, CelsoPiacentini, também disse que os efeitos da crise financeira não está trazendo impactos na produção industrial de Manaus . Ele informou que não há previsão de antecipaçãodas férias de fim de ano para os trabalhadores do setoreletroeletrônico ."Não existenenhuma crise instalada, mas um estado de alerta epreocupação natural. Oficialmente, nenhuma empresa dosegmento que representamos formalizou no sindicato a antecipaçãode férias", disse Piancentini.