Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise financeirainternacional e as providências adotadas pelo governo paratentar blindar a economia brasileira foram o principal tema hoje (8)dos debates no plenário do Senado. A oposiçãoao mesmo tempo que concorda que as medidas adotadas pelo governo sãonecessárias e que o Congresso não pode deixar de darsua contribuição, fez críticas pontuais àMedida Provisória 442, editada na segunda-feira (6). Os governistas defenderam as medidas.A MP autoriza oConselho Monetário Nacional (CMN) a estabelecer critériose condições especiais de avaliação e deaceitação de ativos recebidos pelo Banco Central emoperações de redesconto em moeda nacional ou emgarantia de operações de empréstimo em moedaestrangeira. Também faculta ao Banco Central comprarcarteiras de bancos com problemas de liquidez (sem recursos).O senador TassoJereissati (PSDB-CE) considerou a medida um "Proerchapa-branca", que permite ao Banco Central socorrerinstituições financeiras sem uma contrapartida porparte dessas instituições. O senador tucanoreclamou "da falta de humildade" do governo e defendeu aadoção do Programa de Reestruturação doSistema Financeiro (Proer), criado em 1995 pelo governo FernandoHenrique Cardoso, que segundo ele foi mais transparente porque depoisde socorrer os bancos liquidava-os para saldar as dívidas.O líder do PSB,senador Antônio Carlos Valadares (SE), rebateu o senadortucano, afirmando que a medida provisória do presidente LuizInácio Lula da Silva tem uma diferença fundamental doProer. De acordo com Valadares, o programa executado pelo governoFernando Henrique Cardoso teve como objetivo socorrer bancos(Nacional, Bamerindus e Econômico) envolvidos em casos decorrupção, o que, segundo ele, não é ocaso neste momento.Segundo o senador, a MP442 visa resguardar pequenas instituições financeirasde uma eventual “crise sistêmica” desencadeada pelosproblemas no sistema financeiro internacional.O líder do DEM,senador José Agripino Maia (RN), reclamou da postura adotadapelo governo no tratamento da crise. Segundo ele, o presidente temminimizado uma crise que já atingiu as empresas nacionais. “Avariação da cotação do dólar de R$1,55 para R$ 2,50, em dois meses, foi uma hecatombe sobre a economianacional”, disse.Para o líder, oBrasil corre o risco de "importar uma inflação"e ser obrigado a aumentar ainda mais a taxa de juros. Ele sugeriu quea saída para conter a crise é a racionalizaçãodos gastos públicos para se fazer poupança.O senador EduardoSuplicy (PT-SP) disse que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e opresidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estãodispostos a comparecerem à Comissão de AssuntosEconômicos do Senado para esclarecer as providênciasadotadas pelo Executivo.Para o senadorFrancisco Dornelles (PP-RJ), existe "uma crise de confiança"que tem que ser debelada rapidamente pelo governo federal. Eledefendeu que o governo zere o recolhimento do depósitocompulsório das pequenas instituiçõesfinanceiras, reduza a tarifa do Imposto sobre OperaçõesFinanceiras (IOF) e baixe a taxa de juros Selic.