Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O setor de máquinas,autopeças e automóveis pesados ainda não sofreuimpactos da crise financeira internacional – o que houve atéagora foi alguma redução do processo de créditopara os prazos mais longos e um aumento dos juros, natural emmomentos desse tipo para o consumidor. A afirmação foifeita hoje (7) pelo, ministro do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior, Miguel Jorge, ao participar da 1ªFeira Especializada em Peças, Equipamentos e Serviçospara Veículos Pesados e Comerciais Automec Pesados eComerciais, no Pavilhão do Anhembi.Segundo o ministro, o governo tomará asprovidências necessárias à medida que osproblemas forem surgindo. Ele reforçou que não hápacotes, mas sim medidas pontuais. “Não podemos fazer umpacote em relação a um processo que não se sabeexatamente qual é. Portanto, agiremos de acordo com acircunstância, pontualmente em relação ao queestiver acontecendo.”Miguel Jorge disse que o governo tem plenacapacidade de agir para corrigir os problemas que surgirem por causada crise internacional. A ordem do presidente Luiz Inácio Lulada Silva para que o Banco Central execute as medidas necessáriaspara proteger o país da crise está dentro do que deveser feito, afirmou. “O Banco Central recebeu reforçoinstitucional para que possa agir com mais independência eforça nesse processo.”Sobre a alta do dólar em relaçãoao real, o ministro ressaltou que a moeda em alta pode ser benéficapara que o país importe menos neste momento, ao mesmo tempo emque ajuda os exportadores, mas sem ser um grande problema. Elereafirmou que o crédito não será interrompido nopaís. “Não faltará crédito – e nãoé o ministro quem diz isso, quem diz isso é opresidente da República.”O presidente do Sindicato Nacional da Indústriade Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças),Paulo Butori, considera a disparada do dólar é boa parao setor e para quem produz no Brasil, além de viabilizar asexportações. Ele espera que câmbio estacioneacima de R$ 2. “Tivemos este ano déficit comercial anoestimado em US$ 2 bilhões, déficit que nunca houve.Acredito que, com a subida do dólar e a situaçãoem que estamos agora, o déficit seja um pouco menor do que oestimado. Para o ano que vem, se o patamar for próximo de R$2, acredito que tenhamos superávit.”. Butori reforçou que o setor ainda nãosentiu nenhum problema mais grave quanto ao crédito e disse que o governo está muito atento aos possíveis esfeitosda crise. “É a primeira vez que enfrentamos uma crise comuma robustez tão grande e tão bem preparados.” Paraele, tanto o Banco Central quanto o Ministério da Fazenda e opresidente Lula estão interessados em evitar que a crise afeteprofundamente o país.Para Butori, os empresários só vãocancelar ou adiar investimentos se a crise for muito longa. “Nãoacredito que será longa, mas, se for, poderá afetaralgum investimento”. Ele ressaltou que as decisões sobreinvestimentos são estudadas por muito tempo e, depois detomadas, raramente são canceladas. “A não ser quehaja um problema muito grande, que mude a razão doinvestimento, mas não vejo esse problema aqui no Brasil.”O presidente da Usiparts Sistemas Automotivos, Flávio DelSoldato, disse que ainda avalia quais os impactos da crise para osetor de sistemas automotivos. Segundo ele, ainda não hánenhum fato que demonstre uma ligação entre a economiareal e a crise. “Está todo mundo na expectativa, porque quemsabe hoje não sabe.” Para Soldato, os pronunciamentos doministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central,Henrique Meirelles, mostram que eles estão no caminho certo.“A crise nos encontra em um momento excepcional, porque outrascrises menores do que essa repercutiram muito fortemente”,destacou. Soldato afirmou que o ano de 2008 já estágarantido para o setor automobilístico e que, com o volume defaturamento e os pedidos já fechados, deve chegar a 3,5milhões de veículos. Mesmo que o crescimento no próximoano seja de 3,5 a 4%, isso servirá para acomodar os gargalosde produção existentes. “Se ficarmos em um bompatamar e com um pequeno aumento no ano que vem derivado da crise,ainda assim será bom”, concluiu.