Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cada vez mais as mulheres brasileiras são chefes de família, participam do mercado de trabalho e continuam acumulando amaioria das tarefas domésticas. É o que mostra a sériePnad 2007: Primeiras Análises que, desta vez, aborda os temaspopulação, família e gênero. De acordo coma pesquisa, os resultados indicam “exaustivas” jornadas detrabalho – remunerado e não-remunerado – para as mulheres,além de um aumento das desigualdades de gênerono país.
De acordocom o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),responsável pelo estudo, a proporção de famíliaschefiadas por mulheres passou de 24,9%, em 1997, para 33%, em 2007, oque representa um total de 19,5 milhões de famíliasbrasileiras que identificam a mulher como principal responsável.
Durante omesmo período, famílias formadas por casais com filhose chefiadas por mulheres também representam um “fenômenoem ascensão”. Entre 1997 e 2007, os números passaramde 600 mil para quase 3,3 milhões. Em 1997, entre as famíliasformadas por casais com filhos, apenas 2,4% eram chefiadas pormulheres. Em 2007, a proporção subiu para 11,2%.
A Pnadindica que o aumento de quase 8% pode estar relacionado àmaior longevidade das mulheres, aliada a um envelhecimento geral dapopulação. Em quase 27% dessas famílias, amulher considerada chefe tem 60 anos ou mais e, em muitos casos,mora sozinha. O aumento da participação feminina nomercado de trabalho também é um dosfatores responsáveis pelos índices, poispermite que as mulheres assumam, sozinhas ou com a presença deum companheiro, o sustento de um lar.
O Ipeaalerta, entretanto, que embora uma maior presença no mercadode trabalho indique maiores possibilidades de autonomia eemancipação, o aumento do número de famíliaschefiadas por mulheres nas quais somente elas são asresponsáveis pelo sustento da casa e dos filhos “deve serlido com cuidado”, uma vez que o aumento pode estar relacionadotanto ao aumento da precariedade da vida quanto dotrabalho dessas mulheres.
Dados sobre o cuidado com os afazeres domésticos mostram, deacordo com a Pnad, “uma importante e persistente assimetria degênero”. A pesquisa indica que o tempo que as mulheresdedicam ao trabalho doméstico é maior do que o dos homens, independentemente da condição na família(chefe ou cônjuge), da escolaridade, da renda ou da condiçãode ocupação (ocupado, desocupado ou inativo).
Emfamílias formadas por casais com filhos, os homens na posiçãode chefe dedicam 10,05 horas semanais aos afazeres domésticose, na posição de cônjuges, não ultrapassam10,44 horas semanais. Já as mulheres consideradas chefes defamílias e que trabalham fora de casa, quando comparadas ahomens cônjuges desocupados, dedicam nove horas a mais porsemana ao trabalho doméstico.
Dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostramque, em 2007, 50,5% dos homens ocupados afirmaram cuidar dos afazeresdomésticos, contra 89,6% das mulheres ocupadas.
Os dados,segundo o Ipea, confirmam que as mulheres ainda são asprincipais responsáveis por tarefas como cuidar da casa, dosfilhos, dos idosos, da manutenção da família ede todas as atividades relacionadas ao âmbito doméstico.