Lula defende que bancos centrais adotem regras comuns para acabar com especulação

07/10/2008 - 16h34

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (7), em Angra dos Reis, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, que os bancoscentrais de todo o mundo adotem, em consenso, medidas de regulamentação para coibir a especulação financeirainternacional, que transformou as operações bancárias nos Estados Unidos e naEuropa em um grande cassino, conforme sua avaliação.Para o presidente, o que os países ricos não têm é odireito de socializar a desgraça. “Se os bancos americanos e europeus resolveramfazer do sistema financeiro deles um grande cassino, onde o que menos valia eraa economia real e mais a especulação de papéis - muitos dos quais podres – elesagora não podem responsabilizar nenhum país emergente por esta crise.”Lula lembrou que esta é a primeira vez que “nós [os paísespobres] vivenciamos uma crise que envolve apenas os chamados países ricos”. O presidente adiantou, ainda, que o ministro da Fazenda, GuidoMantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, viajam, ainda nesta semana, aos Estados Unidos,para tentar travar uma discussão sobre o assunto, no âmbito internacional.“A Basiléia sempre teve os encontros dos bancos centrais, quedeterminavam regras para o funcionamento dos bancos centrais em todo o mundo. Agora,eles têm que tomar uma decisão: primeiro coibir a especulação financeira que vinhaacontecendo nos últimos tempos, regulando o sistema financeiro internacional. Segundo:não permitir a alavancagem acima da competência de um banco. A terceira:acabar com essa maldita figura do bônus que foi criado no sistema financeirointernacional, onde o executivo ganha um bônus em cima de uma meta estabelecidae atingida.” Para o presidente, “o que não é justo é que os países pobresdo mundo, agora, sejam chamados a fazer sacrifícios por conta de uma dívida queeles [os países ricos], com a mesma facilidade que criaram, deveriam resolver”.Lula foi enfático ao afirmar que, apesar da crise, as obrasde infra-estrutura do país não vão parar. “E essa é uma decisão de governo: nósiremos fazer o que for necessário para que as nossas obras de infra-estruturacontidas no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] não parem. Nós não vamos parar o Comperj, o Arco Rodoviário, asrodovias em construção, as refinarias da Petrobras, porque é do sucessodesses empreendimentos que nós teremos mais dinheiro e mais recursos para novosinvestimentos”, disse o presidente ao se referir ao complexo petroquímico que está em construção no Rio de Janeiro, às obras da estrada que vai ligar a BR-101 ao Porto de Itaguaí, além de rodovias em obras em todo o país e refinarias da companhia estatal em construção. O presidente disse que o governo brasileiro ainda não tem adimensão do tamanho da crise, mas voltou a afirmar que ela ainda não chegou aoBrasil. “Agora, na medida em que está faltando crédito para as nossasexportações, cabe ao governo brasileiro colocar os recursos necessários para quenossas exportações sejam garantidas. Na medida em que se começa a apresentarproblemas com bancos menores, sobretudo quando se trata de crédito consignado,nós, que já tínhamos diminuído o compulsório para que os bancos maiorespudessem comprar as carteiras desses bancos, resolvemos tomar a decisão delevar o Banco Central a fazer ele próprio o redesconto, como se faz em todo omundo, evitando, desta forma, que os bancos menores fiquem reféns dos bancosmaiores.”