Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Angra dos Reios (RJ) - O presidente LuizInácio Lula da Silva criticou hoje (7), em Angra dos Reis, ocomportamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) emrelação à crise financeira dos Estados Unidos.“Quando era o Brasil que tinha problemas, todo dia tinha bancodando palpite. Toda semana uma equipe do FMI dizia: faz isso, fazaquilo. E o coitado do Brasil quebrava. Cadê os palpites queeles estão dando agora na crise americana? Cadê o FMI?Por que o FMI não está lá dando palpite agora?Por que não estão na Europa dando palpite? Éporque a crise é deles”, alfinetou Lula, ao participar dacerimônia de batismo da plataforma P-51.Lula lembrou que tentoudiscutir a crise das subprime norte-americana no últimoencontro do G-8. “Tentei discutir duas vezes a crise, e eles nãoquiseram. Vamos discutir meio ambiente, disseram, porque aíeles queriam falar dos problemas da Amazônia.” Ele assinalouque a crise atual envolve cerca de US$ 1 trilhão, o quesignifica quase 30 vezes os prejuízos causados por todas asoutras crises recentes juntas.“Primeiro veio acrise do México, em 94, que deu um rombo na economia de US$ 50bilhões, e o Brasil quase quebra. Depois, veio a crise daÁsia, que deu um rombo de US$ 70 bi, e o Brasil tambémquase quebra. A crise da Rússia deu um prejuízo de US$40 bi, e o Brasil mais uma vez quase quebra”, recordou Lula.Agora, prosseguiu Lula,o Brasil não quebrou. “Essa é a raiva de alguns. E eunão estou dizendo que a gente não pode terdificuldades, mas até agora o Brasil está de pé.Nós fizemos o que temos de fazer. A dívida interna eraem dólar. Ou seja, qualquer coisinha lá fora, o Brasilquebrava. Agora, nossa dívida é em real. Agora, nósnão devemos ao FMI. Temos é US$ 207 bilhões emreservas. Portanto, fizemos o sacrifício que tínhamosque fazer. Portanto, não queremos socializar a miséria.Nós queremos é socializar a abundância”.O presidente alertou apopulação brasileira para o fato de que durante muitassemana ainda vai se falar em crise e que a Bolsa vai subir ou cair.“Mas o país encontrou o seu destino e nada vai fazer a gentevoltar à miséria. Toda vez que alguém falar emcrise, olhe para aquele ali (apontando para a P-51). Os mesmos queestão querendo ver a crise atingir o país são osque diziam que o Brasil não podia fazer estas plataformas”. Lula reiterouainda que o governo federal não vai baixar nenhum pacoteeconômico para combater a crise financeira internacional.Segundo ele, as medidas serão pontuais e anunciadas a cadadia, de acordo com o surgimento dos problemas que envolvam cada setorda economia.Na avaliaçãodo presidente, “toda vez que neste país se falou em pacote,quem ficou com o prejuízo foi o trabalhador. Então, nósvamos tomar medidas sempre que os problemas surgirem. O que eurecomendo é: tenham juízo, porque sempre que houvecrise nós comemos o pão que o diabo amassou. Agora quea gente pode comer um pãozinho com mortadela, nãoqueremos voltar a comer o pão que o diabo amassou novamente”.Ele tambémressaltou que esta é a primeira crise que o governo nãoprecisa explicá-lá, porque todo o povo brasileiro jásabe que ela está acontecendo por causa da especulaçãofinanceira que começou nos Estados Unidos. “Eles brincaramcom a economia. Eles brincaram com a política definanciamento. E bem na hora que a porca torce o rabo, sobra paranós.”A crise americana, disse Lula, é muito mais profunda etalvez seja a maior dos últimos 50 anos. “Acho que sóperde para a de 1929. É uma crise profunda. E ela estáchegando na Europa porque também os bancos europeusparticipavam do cassino imobiliário dos EUA. Essa é averdade.”