Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oprocesso de envelhecimento da população brasileira,apontado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),altera não apenas a vida dos indivíduos e as estruturasfamiliares como também aumenta a demandapor políticas públicas e a pressão por uma maiordistribuição de recursos. As conseqüências,de acordo com estudo do instituto, sãovistas “com preocupação” e representam desafiospara o Estado, para o mercado e para as famílias. As análises fazem parte de um estudo divulgado hoje (7) pelo instituto,elaborado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(Pnad) 2007.A coordenadora do grupo técnico depopulação e cidadania do Ipea,Ana Amélia Camarano, lembra que oenvelhecimento da população é uma “tendênciauniversal” e que, muitas vezes, as pessoas associam oenvelhecimento apenas ao aumento daexpectativa de vida e à redução da mortalidade.“Ele tem a ver com o fato de que se tem menos crianças emais gente nas idades mais avançadas. Isso tende a se acentuarporque os anos 50 e 60 foram os anos do boom populacional. Osbaby boomers vão se tornar agora os elderly boomers– estão envelhecendo e chegando lá na ponta.”Dentre asquatro políticas identificadas pela pesquisa como de maiorimportância para a população idosa em crescimentoestão: renda para compensar a perda da capacidade laborativa(previdência e assistência social), saúde,cuidados de longa duração e a criação deum entorno favorável, que inclua aspectos como habitação,infra-estrutura e acessibilidade.“Eu nãodiria que são problemas, mas desafios. Problemas vão serse a sociedade não lidar com eles. Por isso, temos queantecipar para ajudar a sociedade a lidar com essas questões.A população menor de 30 anos já estádiminuindo. Daqui a pouco, começa a menor de 45 anos. Quem vaitrabalhar é uma população mais envelhecida, querequer mudanças no mercado de trabalho, em relação a valores e preconceitos, a adaptaçõesfísicas, e uma política de saúde habitacional”,ressalta Ana Amélia.Benefíciosde seguridade social como a previdência urbana e rural e aspensões por morte cobriam, em 2007, cerca de 70% da populaçãoidosa que, na época, já somava aproximadamente 15milhões de pessoas.Embora aseguridade social responda pela parcela considerada pelo estudo comoa mais importante na renda dos idosos, dados indicam que o trabalho étambém um indicador de autonomia e de integraçãosocial. Em 2007, 42,6% dos homens idosos e 19,3% das mulherestrabalhavam.A baixaparticipação feminina, de acordo com o estudo, refleteo retrato de décadas anteriores e torna as mulheres idosasmais dependentes da renda de outros membros da família.Entretanto, perspectivas do Ipea indicam um aumento na participaçãoda população idosa a médio prazo nas atividadeseconômicas do país.Jáo crescente envelhecimento da população em idade ativa,aliado às “pressões” no sistema previdenciário,segundo o Ipea, levam à necessidade de o trabalhador se manterna ativa pelo maior tempo possível – o que requer umapolítica de saúde ocupacional capaz de diminuir assaídas do mercado de trabalho por causa de aposentadorias porinvalidez.A posiçãodos idosos na família, de acordo com a pesquisa, tambémfoi alterada pelo envelhecimento da população. Uma dasmudanças consideradas como de maior importância peloIpea no período 1992-2007 foi o aumento na proporçãode idosos chefes de família, além de uma reduçãona proporção de idosos vivendo na casa de filhos,genros, noras, irmãos ou outros parentes. Em 2007, cerca de 17milhões de idosos brasileiros chefiavam famílias –destes, 58,8% eram homens.