Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dassete capitais nordestinas que decidiram em primeiro turno as eleições para prefeito, duas ficaram com o PT e cinco com PSDB, PV,PP, PSB e PCdoB. Para o historiador da Universidade Federal daParaíba (UFPB), Jaldes Menezes, o cenário comprova arenovação política verificada na região hápelo menos três eleições.“Háum processo de desaparecimento de lideranças históricasda política nordestina. O caso mais emblemático éo de Salvador: embora ACM Neto [deputado federal pelo DEM] tenha sido bem votado, ele nãovai para o segundo turno”, disse Menezes em referência aoenfraquecimento do carlismo, método de fazer política implantado pelo falecido Antonio Carlos Magalhães, o ACM, que foi senador e governou o estado. Ohistoriador ressalta que o coronelismo nordestino ainda persiste, masnão é mais hegemônico. Cadavez mais as capitais “dão o tom da políticaestadual”. Parte desse fenômeno deve-se à própriaalteração demográfica da região. “Amaioria do Nordeste agora é urbano. Na Paraíba, porexemplo,a capital, João Pessoa, tem 420 mil eleitores e Campina Grande,400 mil. Juntos, os dois municípios polarizam mais da metadedos votos do estado”, afirmou. ParaMenezes, os “aglomerados partidários ditos de esquerda”foram os vencedores dessas eleições. Por outro lado, oDEM perdeu espaço, já que não venceu em nenhumacapital. “Isso é um pouco a adequação daestrutura política nordestina a do país como um todo.São quatro grandes partidos dominantes: PMDB, PSDB, PT e DEM.Talvez nós começamos a ter nessas eleiçõesum sistema político realmente nacional .” Apesar denão ser um fator determinante, Menezes acredita que apopularidade do presidente Lula na região favoreceu o bomresultado dos partidos chamados de esquerda. Outroaspecto relevante na opinião do historiador é o fato deque cinco das sete capitais que decidiram as eleiçõesem primeiro turno reelegeram seus prefeitos: Teresina, com Silvio Mendes; doPSDB; Maceió, com Cícero Almeida, do PP; Fortaleza, comLuizianne Lins, do PT; João Pessoa, com Ricardo Coutinho, doPSB; e Aracaju, com Edvaldo Nogueira, do PCdoB. Em Salvador, o atualprefeito, João Henrique Carneiro, do PMDB, vai disputar o segundoturno com o petista Walter Pinheiro. “Houveum aumento da arrecadação e um crescimento econômiconos últimos anos que criaram um clima favorável àreeleição em geral. O que marcou foi um clima deotimismo em relação às pessoas que estavamocupando os cargos, e não o clima de protesto, como jáhouve em outras disputas”, destacou o historiador.