Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O resultado das eleições de domingona Região Sudeste mostrou surpresas, como a passagem dodeputado federal Fernando Gabeira, do PV, para o segundo turno, quedisputará com o candidato do PMDB, Eduardo Paes. O candidatodo PRB, senador Marcello Crivella, que aparecia bem cotado naspesquisas, ficou em terceiro lugar. Segundo o professor HumbertoDantas, da Universidade Federal de Guarulhos, dois fatores permitiramque Gabeira chegasse ao segundo turno.“Foi uma surpresa, principalmente porque ocandidato Crivella, do PRB, um partido pequeno nacionalmente, queliderou parte expressiva da campanha, cedeu o primeiro lugar aocandidato do governador Sérgio Cabral, mas ainda assim eraesperado que ele fosse para o segundo turno”. O professor disse,entretanto, que o erro “mais clamoroso” foi da candidata doPcdoB, Jandira Feghali, que usou na campanha uma declaraçãodo ex-ministro José Dirceu, “que não é umafigura fácil do ponto de vista ético”..Em São Paulo, onde Gilberto Kassab, do DEM,e Marta Suplicy, do PT, voltam a se enfrentar no segundo turno,.Dantas acredita que o candidato democrata está com vantagemmaior em relação à petista. Por isso, Kassabpode se reeleger, disse ele.“Há um cenário mais favorávelao atual prefeito, mas temos mais 20 dias até o segundo turno.Temos que levar em consideração que o Democratas recebaum apoio mais forte do governador José Serra, igualando-se emtermos de condições à entrada do Lula no segundoturno”, afirmou.Dantas ressaltou, porém, que Marta aindatem chances de voltar a ser prefeita de São Paulo, mesmo com ocenário mais favorável ao atual prefeito. “E essaschances são grandes”, disse o professor, ao destacar queKassab e Marta são dois candidatos fortes, principalmentepelos apoios que recebem. Em Vitória, João Coser, do PT, foireeleito com 77% dos votos, o que mostra a opção pelacontinuidade política na capital do Espírito Santo. “Oeleitorado reconhece efetivamente uma boa atuação doatual prefeito de Vitória. Uma coisa muito interessante éo PSDB no estado, rachando e apoiando, mesmo que informalmente, ocandidato do PT, e deixando a candidatura do PPS, que tinha na suachapa o apoio do PSDB”, disse Dantas.Em Minas Gerais, o professor destacou o segundoturno em Belo Horizonte, entre Márcio Lacerda, do PSB, apoiadopelo governador Aécio Neves e pelo prefeito Fernando Pimentel,e Leonardo Quintão, do PMDB. Dantas lembrou que a eleiçãona capital mineira teve altos e baixos e que, no início dacampanha, Lacerda estava com poucas intenções de voto,subiu e chegou a ser favorito. “É possível termos uma disputabastante apertada em Belo Horizonte. Temos que levar em consideraçãoque Lacerda ficou com 44% dos votos e Quintão com 41%, o quenão era esperado.” Segundo Dantas, o eleitor esvaziou, deuma certa maneira, a intenção de voto em outroscandidatos e apoiou de modo consistente o candidato do PMDB. “O que esperar do segundo turno? Na verdade,teríamos que fazer uma análise dos índices derejeição e verificar como funcionarão os apoiosno segundo turno”, afirmou. .