Cenário político no Centro-Oeste é de poucas mudanças, avalia especialista

06/10/2008 - 14h29

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apósa reeleição de dois dos três prefeitos dascapitais da Região Centro-Oeste, o cenário pós-eleiçõesmunicipais é de poucas mudanças. A avaliaçãoé do sociólogo daUniversidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) Aparecidodos Reis.Em Campo Grande (MS) e em Goiânia (GO), os prefeitos NelsonTrad Filho (PMDB) e Iris Rezende (PMDB) foram reeleitos já noprimeiro turno. Em Cuiabá, Wilson Santos (PSDB) alcançou 47,92% dos votos e enfrenta o segundo turno contra Mauro Mendes (PR).“No caso de Goiânia, vence a manutenção de umaliderança existente no estado de Goiás há muitasdécadas. No caso de Campo Grande, também. A eleiçãoé de um prefeito muito ligado ao atual governador [André Puccinelli]. Ele fazparte de uma certa estrutura familiar local, o pai dele édeputado federal [Nelson Trad], o irmão é deputado estadual [Marquinhos Trad]. Éaquilo que se configura como a oligarquia familiar local.”No Centro-Oeste, Aparecido destaca que os resultados do primeiroturno indicam uma prevalência por parte da populaçãopara as questões locais em detrimento das questõesnacionais, ou seja, os candidatos que se mostraram preocupados comquestões específicas do município obtiveram amaior quantidade de votos.“O que me parece uma coisa meio relativa porque grande parte dessesproblemas só pode ser resolvida ou pelo menos enfrentada sedirecionada nacionalmente. Há uma reprodução, nocaso de Mato Grosso do Sul e Goiás, das estruturasoligárquicas muito presentes nessas eleições.Isso revela a confiança na liderança jáestabelecida.”O especialista destaca que os prefeitos eleitos até o momentona região estão ligados à base aliada do governoe que, por conta da atual situação “privilegiada”de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não vão quererabrir mão das alianças.“Elas se transformam em recursos para essas cidades e grande parteda popularidade desses prefeitos se deve às obras que elesconstruíram – dinheiro que veio de recursos do PAC [Programade Aceleração do Crescimento]. Mudar o jogopolítico ameaça a própria reproduçãoda estrutura do poder ou das possibilidades que essas prefeitos podemter de pensar em uma carreira política no estado.”