Sabrina Craide
Enviada Especial
Porto Alegre - O pressuposto de que o eleitorado do Rio Grande do Sul é um dos mais politizados do país é equivocado, na avaliação do professor de Ciência Política da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) Paulo Moura. Para ele,o diferencial dos gaúchos é a firmeza com a qual defendem suas opiniões.
Para o pesquisador, dizer que o gaúcho é mais politizado seria afirmar que ele tem grau de informação, envolvimento e consciência política diferenciados do restante do Brasil. Moura destacou, no entanto, que, no Rio Grande do Sul, também se compra voto, como ocorre em outras regiões do país. "Talvez a diferença seja que o voto seja um pouco mais caro”, avaliou.
O cientista político afirmou que a firmeza em defender suas opiniões e posições políticas é uma característica cultural dos gaúchos, que pode ser verificada em outras áreas fora da política. “Foi assim na Revolução Farroupilha, com a divisão do estado entre Ximangos e Maragatos. Hoje, os eleitores são divididos entre petistas e anti-PT. E, no futebol, entre gremistas e colorados”, disse.
Outra característica dos eleitores gaúchos é a cobrança das promessas feitas pelos políticos. De acordo com Moura, a palavra empenhada, o “fio do bigode” tem muito valor no Rio Grande do Sul. “Se um político promete alguma coisa e não faz, o eleitor até perdoa. Mas, se ele promete algo e faz o contrário, aí é fatal.” Ao avaliar a presença de três mulheres na disputa pela prefeitura de Porto Alegre , o professor disse que essa é uma tendência da sociedade em geral. “O estilo feminino de liderança é mais condizente com a sociedade contemporânea, porque ela cuida de várias coisas ao mesmo tempo, além de ter mais sensibilidade. A política era o último reduto masculino, mas era inevitável que essa tendência chegasse também à política.”