Comportamento do eleitorado do Recife pode romper com tradição

04/10/2008 - 13h57

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Recife (PE) - As eleições deste ano em Recife (PE) podem ser marcadas pelo fim de um tabu. Segundo o coordenador do Núcleo de Estudo Eleitorais, Partidários e da Democracia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Clóvis Miyachi, até agora nenhum político no poder conseguiu eleger seu sucessor.“É a chamada teoria do andor. Durante uma procissão as pessoas colocam um santo e os outros vão atrás. Se realmente se confirmarem as pesquisas e João da Costa (PT) for eleito, significa que o atual prefeito, João Paulo, também petista, conseguiu reverter a história de que política do andor não funciona em Recife”, completou Miyachi. O professor lembra quando Miguel Arrais, como governador, e Jarbas Vasconcelos, como prefeito,duas das maiores lideranças locais,  não conseguiram fazer seu sucessor. “João Paulo está conseguindo, pelo menos até agora”, disse.Para Miyachi, esse fato ocorre na capital pernambucana porque o eleitor recifence é “bem politizado e atento ao que ocorre durante a campanha”, mesmo nos momentos finais. “Recife sempre foi uma cidade altamente politizada, mas, em contra partida, é meio estranha. Em eleições passadas de Jarbas Vasconcelos contra Murilo Mendonça, Jarbas ganhou praticamente três dias antes. Houve denúncias contra Mendonça e isso reverteu o resultado das eleições às vésperas do pleito”, conta. “Houve outro caso com o então candidato a prefeito Roberto Magalhães, apoiado por Jarbas, que deu uma 'banana' para os policiais que faziam uma manifestação, e isso se reverteu também a favor de João Paulo”, acrescenta. Na ocasião, João Paulo venceu as eleições e derrotou a aliança PMDB-PLF.“Recife sempre foi conhecida como uma cidade libertária e cruel. Cruel do ponto de vista de que até agora nunca teve um dono político. O próprio Agamenon Magalhães, que foi um grande político local, foi derrotado”, argumenta Miyachi.