Falta de crédito é a maior conseqüência da crise americana para o Brasil, diz Mantega

03/10/2008 - 15h18

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A maior conseqüênciada crise econômica norte-americana para o Brasil é afalta de crédito, principalmente para exportação,além de uma reação das instituiçõesfinanceiras, que também estão reduzindo o crédito.A afirmação foi feita hoje (3) pelo ministro daFazenda, Guido Mantega, após participar de encontro comempresários da Associação Brasileira daIndústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).Segundo o ministro, afase atual da crise é aguda e passageira. “O papel dasautoridades é aumentar a liquidez do sistema. Nósestamos irrigando o sistema – já estamos irrigando comdólares, com os leilões que estão sendo feitospelo Banco Central.”Ele reforçou que o governo estádisposto a recorrer a outros instrumentos, caso seja necessário, eque poderá também usar as reservas de “maneiracriativa”, para irrigar o crédito, e diminuir o compulsório,para que as instituições financeiras maiores possamcomprar carteiras das menores. Mantega não quis adiantar quais seriam as“maneiras criativas” de usar as reservas, mas citou como exemploo leilão de dólares como forma de manter as reservas nomesmo patamar, porém dando mais liquidez às linhas decrédito internacional.“Quero deixar muito claro que não háproblema de solvência na economia brasileira, e sim problemasde liquidez, por causa dessa fase aguda da crise. Se a liquidez forrecomposta, está tudo bem porque as instituiçõesnão têm ativos podres. Mesmo as instituiçõesmédias e pequenas, que neste momento têm maisdificuldade, têm boas carteiras. Podem ter alguma dificuldademomentânea, então, o governo vai liberar compulsóriospara os bancos que quiserem comprar.”O ministro lembrou que o Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar esteano R$ 90 bilhões em crédito, o que está sendofeito gradativamente. “Claro que a demanda subiu porque houve umarestrição de linhas internacionais e de IPO [menosoferta de ações no mercado],então aumentou a demanda sobre o BNDES.”Ele disse acreditar que a restriçãoao crédito feita pelo setor privado seja temporária,porque a tensão existente no mercado internacional devediminuir com o pacote econômico do governo dos Estados Unidos,que já foi aprovado pelo Congresso  americano, e com o pacote que está emelaboração pela União Européia. “Nóssairemos do stress, as linhas serão reativadas, talveznão na mesma dimensão atual, mas o suficiente para darcrédito e manter o comércio internacional brasileiro nomesmo patamar.”Mantega repetiu várias vezes que asexportações brasileiras não estão sendoatingidas ou prejudicadas e que o governo está mantendo oritmo de exportações e de importações.