Ivan Richard e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Pela segunda vez, a senadora Patrícia Saboya (PDT) tenta se eleger como prefeita de Fortaleza, capital do Ceará. Autora do projeto de lei que amplia a licença-maternidade para até seis meses, como direito opcional, Patrícia prometeu, se eleita, dar prioridade à melhoria da saúde, construindo mais postos, que ficarão distantes, no máximo, cinco quilômetros de cada residência da cidade.Ela disse que pretende ainda reformular o sistema de educação da capital, dando prioridade à educação básica e à qualificação dos jovens. À frente da coligação Fortaleza em Movimento (PDT–PSDB–PTB), Patrícia Saboya, que já foi vereadora e deputada estadual, é a entrevistada de hoje (29) da série de matérias especiais da Agência Brasil com os candidatos a prefeito das principais capitais do país.A pedetista afirmou que a saúde vem sendo apontada pela população como o pior serviço da cidade. Se eleita, ela prometeu que sua administração terá o foco na família, para mudar essa imagem. “Estamos criando o programa Pracinhas da Saúde da Família, que serão unidades básicas com médicos, dentistas, enfermeiros e assistentes distribuídas em 420 unidades. Fortaleza conta com mais de 90 postos e teríamos que construir 320 unidades, ao custo de R$ 160 mil cada uma”, prometeu.A idéia, segundo Patrícia Saboya, é que os postos fiquem, no máximo, a cerca de cinco quilômetros de cada casa da cidade. “Vamos ter que contratar mais 220 médicos. Hoje, para o Programa Saúde da Família, são 200 médicos e teríamos que contratar mais 220 profissionais”, disse a candidata.Patrícia Saboya prometeu ainda implementar o programa Praça da Saúde da Família Ampliada. “Serão unidades maiores, com quatro cirurgiões, quatro clínicos, quatro pediatras, três ginecologistas e mais oito a dez profissionais da saúde, entre fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas, que irão trabalhar em suas especialidades”, explicou.“Essas praças custam certa de R$ 800 mil para construir e equipar. Todo o custo do projeto de atenção básica da saúde será de R$ 300 milhões. O orçamento da prefeitura de Fortaleza é de aproximadamente R$ 1 bilhão. São recursos suficientes”, argumentou Patrícia.Na educação, a principal preocupação da pedetista será o fortalecimento do ensino na primeira infância. “Fortaleza tem um dos piores sistemas de educação e é apontada pelo governo federal como a penúltima capital em relação à educação. No Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] ela está em 89º lugar. Vamos oferecer escola em tempo integral para alunos de seis a oito anos de idade, para acabar com o analfabetismo infantil. Cerca de 45% das crianças que estão na 5ª série em Fortaleza não sabem ler nem escrever”, afirmou a candidata.“As crianças com até quatro anos, em todo o Brasil, já são atendidas. Por isso, vamos investir nas creches. Como professora, entendo que as crianças com até 6 anos têm que receber todo o estímulo necessário para ter uma base, antes de ingressar no 1º ano [do ensino fundamental] e tenham, lá na frente, chances de ingressar no ensino superior e no mercado de trabalho. O primário é a base de tudo”, disse Patrícia Saboya.“Vamos dobrar o número de creches para garantir educação de qualidade na primeira infância, oferecer capacitação permanente para os nossos professores, melhoria salarial e garantir a presença da família na escola”, acrescentou, argumentando que a presença da família na escola serve de estímulo aos alunos. Além disso, afirmou Patrícia Saboya, os pais também terão oportunidade de voltar a estudar se quiserem.Patrícia Saboya pretende, se eleita, tratar da segurança de forma preventiva, investindo em programas sociais. “Sabemos que a responsabilidade constitucional de cuidar segurança é do governo do estado, portanto, a polícia tem que estar bem preparada. A guarda municipal pode fazer um trabalho de apoio. Queremos trabalhar na prevenção do crime, com políticas sociais, gerando emprego e qualificando a juventude”, prometeu.Segundo ela, metade dos jovens de Fortaleza está desempregada. “Temos 730 mil jovens, de 15 a 20 anos, e a metade está desempregada, não freqüenta a faculdade nem faz um curso técnico. Ou seja, a metade dos jovens de Fortaleza, na melhor idade para ingressar no mercado de trabalho, está fora do mercado e sem perspectiva de melhoria, porque não existe qualificação para a juventude”, argumentou.“Trabalhar na qualificação do jovem, oferecer esporte, cultura, lazer são formas de se prevenir a violência”, disse Patrícia, que prometeu também ampliar o contingente da guarda municipal. “Vamos ampliar o contingente para que os policiais tomem conta do patrimônio público municipal, principalmente após a construção dos postos previstos no programa Pracinha da Saúde”.Na área de habitação, Patrícia prometeu regularizar todos os imóveis em situação irregular. “Vamos entregar o título de propriedade para todas as famílias que estão em situação irregular, porque isso não custa dinheiro, apenas seriedade”, afirmou.De acordo com a pedetista, o sistema habitacional de Fortaleza é uma tragédia. “Existem 160 mil famílias sem um teto para morar, em uma população de 2,5 milhões de habitantes. Significa algo em torno de 600 mil pessoas que não têm onde morar”, constatou a candidata, prometendo construir mais casas populares.Para melhorar o transporte público, Patrícia Saboya aposta na melhoria da gestão. “Nossa gestão será diferente na forma de conduzir o processo administrativo. Vamos descentralizar as regionais – que são regiões administrativas da cidade – para que elas funcionem independentes.”“Pretendo recuperar a capacidade de planejamento da cidade. O metrô pode aliviar o trânsito da cidade e precisamos ter a compreensão de que a cidade não precisa se estender. Queremos que a cidade tenha fronteiras, em que as pessoas possam transitar com tranquilidade”, disse Patrícia Saboya, prometendo manter o preço das passagens “barato e congelado”.