BC mantém política monetária enquanto houver risco de alta da inflação, revela relatório

29/09/2008 - 11h21

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Banco Central reafirmou a manutenção política monetária, com o aumento dos juros básicos, enquanto houver risco de alta da inflação. Para os técnicos do banco, ainda há descompasso entre o ritmo de crescimento da procura por bens e serviços e da oferta. A constatação está no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje (29) pelo Banco Central.Segundo o BC, o aumento da renda, o crescimento do crédito e as transferências governamentais continuam impulsionando a demanda no país. “A esse cenário somam-se, no conjunto de informações considerado pelo Comitê [de Política Monetária - Copom] evidências de que a demanda doméstica ainda se encontra aquecida e o fato de que decisões correntes de política monetária terão impactos concentrados no final de 2008 e em 2009”. No início deste ano, a taxa básica de juros, a Selic, estava em 11,25% ao ano e já está em 13,75% ao ano.O BC também ressalta que, em princípio, a descaleração da economia mundial e a redução dos preços das commodities (produtos primários com cotação internacional) poderiam contribuir para reduzir as pressões inflacionárias. Mas, segundo do documento, “o aprofundamento da crise financeira internacional tem sido acompanhado pela depreciação de várias moedas nacionais frente ao dólar, o que tende a gerar pressões inflacionárias fora dos Estados Unidos”.No caso brasileiro, diz o documento, o recuo dos preços das commodities tende a reduzir a oferta de moeda americana no mercado doméstico, tanto por meio do comércio interncional quanto e quanto por meio de operações financeiras, o que pressiona o mercado de câmbio. “Não menos importante é o fato de que a inflação elevada verificada nos últimos trimestres em diversas economias pode gerar efeitos de segunda ordem, por exemplo, por intermédio de negociações salariais, e assim pressionar a inflação”.Entretanto, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, afirma que a demanda interna "é o principal fator de risco para a inflação brasileira". Segundo ele, a crise financeirainternacional é severa, mas ainda não há dados que que "evidenciem um impacto mais intenso dessa crise sobre o Brasil". Mesquista ressaltou ainda que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) serão avaliados "um amplo conjunto de informações euma nova série de projeções" sobre a economia breasileira e internacional. O relatório de inflação divulgado hoje foi feito com base em informações colhidas até o dia 12 de setembro, antes do banco de investimento americano Lehman Brothers anunciar concordata, no dia 15. Esse anúncio agravou ainda mais a crise financeira internacional.