Economistas divergem sobre conseqüências do aumento dos juros

11/09/2008 - 0h44

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O aumento dos jurosbásicos, anunciado ontem (10) pelo Banco Central (BC), mesmocom crescimento da economia acima do esperado e indicaçõesde redução da inflação no país,gera divergências entre analistas econômicos.Para o economista,Roberto Padovani, do Banco WestLB do Brasil, ao elevar os juros o BCnão estava combatendo a inflação de curto prazo,mas o risco futuro de alta dos preços. Isso porque a inflaçãono país é influenciada pelo preço dascommodities, que se reduziu recentemente. “Mas ninguémsabe o que vai acontecer com as commodities”, dissePadovani. O especialista analisa ainda que o BC quer impedir que ainflação cresça acima do potencial, o que tambémpode gerar inflação. Na opinião de Padovani, ofato de a decisão do BC não ter sido unânime,quanto ao nível de aumento dos juros, indica que nas duaspróximas reuniões o ajuste para cima deve ser de meioponto percentual e não mais de 0,75 ponto percentual.O economista eprofessor da Universidade de Brasília (UnB) DércioMunhoz, no entanto, argumenta que ao elevar a taxa básica dejuros, o BC quer evitar que investidores estrangeiros que aplicamrecursos em títulos públicos saiam do país. Issoporque a Selic remunera essa modalidade de investimento. “O BancoCentral sobe a taxa Selic para manter o rendimento real para osinvestidores”. Esse tipo de aplicação é criticada por nãoser caracterizada pelo interesse duradouro do investidor na economia.Munhoz afirma que osimpactos dos aumentos da Selic na economia neste ano vão levaro governo a pagar R$ 35 bilhões de juros da dívida, aaumentar os custos de produção e a reduzir o poder decompra dos salários. Na opinião de Munhoz, o fatopositivo na economia são os aumentos recentes do dólar,o que pode levar a recuperação do poder competitivo dealguns setores e estimular as exportações. “O aumentodas exportações pode anular os impactos das medidas doBC. Mas a gente não sabe se como será comportamento dodólar”, afirmou.