Daniel Lima e Kelly Oliveira
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Apolítica econômica do governo atual tem sido extremamente conservadorapara manter a conquista da sociedade brasileira de controle da inflação. Aafirmação foi feita hoje (9) pela ex-ministra da Fazenda no governo Collor, Zélia Cardosode Mello, ao participar de seminário em comemoração aos 200anos do Ministério da Fazenda. Segundoela, as medidas de controle da inflação, principalmente o aumento dosjuros básicos, são necessárias para evitar aumentos excessivos depreços que já ocorreram no Brasil. “O governo está absolutamentecorreto ao preservar a conquista”, disse. Na opinião de Zélia, o governo temconseguido equilibrar o controle da inflação com crescimento econômico.“Estamos tendo crescimento, é um crescimento pequeno porémconsistente, temos aumento de emprego e de renda real”, disse. Deacordo com a ex-ministra, o Brasil está “em situação extremamentefavorável”para superar a turbulência internacional devido ao nívelde reservas internacionais brasileiras, acima de US$ 200 bilhões, etem a inflação sob controle. Mas ela enfatizou que a crise internacionalainda está no “meio do processo de dificuldades” e que haverá umprocesso inevitável de depuração da bolha que se fez no mercadoimobiliário norte-americano.Zéliadisse ainda que o governo Collor deixou como principal contribuição aabertura comercial, iniciada em 1990. “Dizíamos sempre: queremosaumentar a importação e exportação. Queremos ter um aumento do saldocomercial e isso é o que nós temos hoje”, afirmou. Aex-ministra não quis responder, entretanto, o que deu errado com apolítica econômica do governo Collor. “Os economistas, em geral, quandorespondem a uma pergunta dessas levam anos. Eu não vou responder em umminuto”, argumentou. Com relação a críticas de que o Plano Cruzado teveproblemas jurídicos que geraram, posteriormente, danos ao Tesouro, Zéliaafirmou que todos os planos tiveram problemas jurídicos. “Isso não foiuma particularidade do Plano Collor e era um risco que se corria. Nãohavia muito o que fazer a respeito disso. Naquele momento, havia umdiagnóstico de que aquilo era necessário de ser feito. Esse diagnósticoinclusive não era só da equipe econômica, mas era compartilhado peloseconomistas mais respeitados do Brasil”, afirmou.