Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A instituiçãodo real como moeda, em 1994, teve como principal desafio "atraira credibilidade da população para a implantação,de tal forma que isso não significasse a intençãode aceitar só para testar o governo". Nos bastidores, o então presidenteda República, Itamar Franco, que implantou o Plano Real,encontrava muita dificuldade para vender a idéia, queconsistia em estabelecer paridade cambial e congelar preços.Ele recebia "a negativa geral dos economistas mais brilhantes daépoca" quando os convidava a participar da equipe queiria levar à frente a idéia.Ao rememorar essequadro, vivido quando da implantação do Plano Real, emjulho de 1994, o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes, hoje deputadopelo PSB cearense, que ocupou o ministério durante trêsmeses a partir de setembro de 1994, afirmou que o plano teve quepassar por muitos ajustes, uma vez que o tabelamento dos preçosdos alimentos criava desequilíbrio de mercado provocando corrida aos supermercados para aquisição de produtosque ficaram com o preços muito baixos.Dessa forma, oresultado foi inicialmente danoso para alguns segmentos produtores ,que passaram a reter sua mercadoria, provocando desabastecimento. Acriação da paridade de R$ 1,00 para US$ 1,00 exigiu queo governo executasse uma política monetária com altastaxas para a Selic, a taxa básica de juros anual, a fim deconter o consumo e controlar a inflação. Os ajustesfeitos nos anos que sucederam 1994, no entanto, é que abriramcaminho para a situação econômica hoje vivida  pelo país,segundo Gomes.O parlamentar proferiupalestra no seminário Crescimento com Distribuiçãode Renda, que se realiza na Escola de AdministraçãoFazendária (Esaf), em Brasília, em comemoraçãoaos 200 anos de criação do Ministério daFazenda. Ele disse que o quadropolítico e fiscal que o país vivia em 1994 tambémforam dificultadores para a implantação do Plano Real.Mas, depois da gestão de Fernando Henrique Cardoso na pasta daFazenda, entre1993 e meados de 1994, o Brasil começou a sairda estagnação no fluxo da moeda estrangeira, quevinha sendo vivida desde a gestão do falecido ministro DilsonFunaro, nos anos 80, testemunha Ciro Gomes.O Fundo MonetárioInternacional (FMI) "não teria permitido a implantaçãodo Plano Real se o Brasil tivesse, na ocasião, acordo standby que obrigasse a instituição a concederempréstimo para salvar a economia interna, em caso de crise",confidencia Ciro Gomes.