Carlos Alberto Jr.
Correspondente da TV Brasil
Luanda (Angola) - Oresultado oficial ainda vai levar alguns dias para ser divulgado, mascom 6.111.312 dos votos apurados (85% do total), o Movimento Popularde Libertação de Angola (MPLA) é o vencedor daprimeira eleição desde o fim da guerra civil, em 1992,e a segunda na história do país.O MPLA, partido quegoverna o país desde a independência, em 1975, tem atéagora 81,77% dos votos e lidera com ampla vantagem em todas as 18províncias do país. A União Nacional para aIndependência Total de Angola (Unita), principal forçapolítica da oposição, tem 10,35% dos votos. Opresidente do partido, Isaías Samakuva, reconheceu a derrotaontem à noite. “Apesar de tudo o que aconteceu, a Unitaaceita os resultados das eleições e deseja ao partidovencedor, o MPLA, que governe no interesse de todos os angolanos”,afirmou.As eleiçõesem Luanda foram marcadas pela desorganização eobrigaram a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) a prorrogar avotação realizada no último dia 5 em mais umdia. Houve atrasos superiores a quatro horas em várias zonaseleitorais – algumas nem chegaram a funcionar –, faltaram cédulaseleitorais e cadernos com os nomes dos eleitores. Diante da confusão,a CNE permitiu que os angolanos votassem em qualquer zona eleitoral eautorizou a abertura de 48 zonas eleitorais no sábado (6) paraque ninguém deixasse de exercer seu direito.Por causa dosproblemas, a Unita pediu a realização de novas eleiçõesna capital Luanda e região metropolitana, que têm cercade 20% dos 8,3 milhões de eleitores do país. A CNErejeitou o requerimento, alegando falta de provas dasirregularidades.O MPLA deve aumentar onúmero de deputados na Assembléia Nacional e a Unita,encolher. Dos 220 assentos no parlamento, o partido do governo tem129 contra 70 da Unita. Confirmada a vitória, o governopassará a ter maioria qualificada e não dependerádos votos da oposição para aprovar projetos.A populaçãoparticipou ativamente das eleições, que foramacompanhadas por vários grupos de observadores internacionais,como a da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa(CPLP) e a da União Européia. Os relatórios dosobservadores apontaram as falhas, mas todos destacaram que, apesardos problemas, o processo eleitoral foi transparente e contribuiupara o avanço da democracia no país.