Organização usava cambistas para distribuir dinheiro falso, diz Polícia Federal

09/09/2008 - 18h13

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A organizaçãocriminosa desbaratada hoje (9) pela Polícia Federal usavacambistas de ingressos de shows e jogos de futebol, além demanobristas de carros, para espalhar e distribuir o dinheiro falso,fabricado em três locais na região metropolitana de SãoPaulo. O objetivo, segundo odelegado Diógenes Peres de Souza, da Delegacia de Repressãoa Crimes Fazendários, era distribuir o dinheiro para pessoasque não pudessem reclamar depois que haviam recebido ascédulas falsas.“Não existianinguém de gaiato nessa história. Gaiato, na verdade,era quem recebia [o dinheiro] dos distribuidores pequenos,daqueles que difundiam realmente e que davam como troco e seutilizavam, por exemplo, de locais de jogos, bingos, etc, normalmenteem situações em que a pessoa que recebesse a nota nãotivesse como reclamar. Ninguém vai reclamar que recebeu umanota falsa num bingo”, disse. De acordo com Souza, aorganização produzia cerca de 15 mil cédulasmensalmente (de R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100) há pelomenos quatro anos. A estimativa da PF é que eram produzidoscerca de R$ 250 mil a cada mês. A organização,segundo o delegado, era composta por dois líderes – ambospresos; três grandes produtores – proprietários depequenas gráficas; nove grandes distribuidores das notasfalsas. “Eles mandavam essasnotas para vários estados. Basicamente, os grandesdistribuidores recebiam pacotes fechados com grande volume de notas eessas notas eram repassadas a pequenos distribuidores quepulverizavam essas notas com cambistas”, explicou.As notas eram muito bemproduzidas, segundo Souza. “A grande maioria delas são notasmuito bem feitas, com relevo e tudo. Simulavam a marca d'águae até o fio de segurança”, descreveu o delegado. Uma pessoa que receberuma nota falsa, segundo o delegado Souza, “deve procurar umaautoridade policial porque, se ela repassar essa nota, incorreráem crime”. Segundo o delegado decombate ao crime organizado José Alberto Iegas, foramcumpridos cerca de 70 mandados de busca e apreensão em todo oBrasil, nove mandados de prisão temporária e feitascinco prisões em flagrante. Váriasimpressoras, scanners, computadores, softwares ematéria-prima – como papel especial – foram apreendidospela polícia. “Hoje foramapreendidos mais de R$ 40 mil em cédulas falsas em Manaus. EmSão Paulo, foram apreendidas várias cédulas, emcerca de 400 folhas, que ainda não haviam sido recortadas,além de espelhos de documentos, em especial, cédulas deidentidade”, disse Iegas.