Mantega diz que crise financeira mundial “não traz maiores danos” ao país

09/09/2008 - 20h04

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou hoje (9) que a crise financeira que afeta Estados Unidos e Europa “felizmente encontrou o país mais robusto que em épocas recentes, e não nos traz maiores danos”, embora a queda dos preços das commodities (produtos com preços internacionais) acarrete prejuízos para a conta corrente externa.A afirmação foi feita em exposição durante o seminário comemorativo aos 200 anos do Ministério da Fazenda, realizado na Escola Superior de Administração Fazendária (Esaf), em Brasília, e tem a participação de ex-ministros da Fazenda dos últimos 30 anos. Nem todos, porém, comparecem pessoalmente. Pedro Malan e Antonio Palocci gravaram suas exposições.Mantega ressaltou a boa fase vivida pela economia brasileira, que se constitui, segundo ele, em “um dos melhores momentos de nossa história, em que o Brasil voltou a ter crescimento sustentado”. Enfatizou, contudo, que as condições para o “crescimento robusto” de hoje já existiam quando ele assumiu a pasta, graças ao esforço continuado das equipes econômicas que passaram pelo governo antes dele.“Quando assumi”, disse ele, “a questão fiscal estava equacionada, a inflação estava sob controle e o país tinha adquirido estabilidade econômica e conquistado confiabilidade externa. Mas não havia confiança quanto ao crescimento sustentado”, afirmou Mantega. Por isso, segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à equipe econômica para articular um grande programa de estímulo ao crédito e ao investimentos.Essa determinação, prosseguiu Mantega, resultou na criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no início do ano passado para facilitar créditos e investimentos, remover obstáculos ao ambiente de negócios, desonerar e aperfeiçoar o sistema tributário, incentivar investimentos em infra-estrutura e adotar medidas fiscais de longo prazo. Com o PAC, acrescentou, “o Estado recuperou o papel de indutor do crescimento”.Em sua intervenção gravada, o ex-ministro e atual deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) afirmou que foi o “esforço continuado da boa política fiscal” que possibilitou a redução de equivalência da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país.Palocci também destacou o fato de o país ter passado de devedor a credor externo, além de ter fortalecido a construção civil, que estava em queda no início da década e “hoje é um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira”.Ele ressaltou ainda que o governo Lula cuidou de “destravar alguns setores da economia que estavam emperrados”, o que contribuiu para o crescimento sustentado do país. Hoje, acrescentou, a situação é de plena estabilidade, com aumentos de produtividade e de lucratividade e melhorias em termos de qualidade. Palocci salientou, contudo, que “ainda falta muita coisa para ser feita, como a reforma tributária”.Depois de ouvir todos os expositores de ontem (8) e hoje, o ex-ministro Rubens Ricupero disse que deixava o encontro com a percepção de que “não há mais espaço para grandes divergências na economia, como no passado. Existe hoje um consenso básico sobre as linhas gerais a serem seguidas”. Tanto ele quanto os demais ex-ministros e Mantega fizeram questão de ressaltar a qualidade do funcionalismo do Ministério da Fazenda.