Amanda Cieglinski
Enviada Especial
Alta Floresta (MT) - A OperaçãoPonta de Lança iniciada hoje (9) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Parque Nacional doJuruena (MT), na Floresta Amazônica, flagrou em um dia pelomenos cinco crimes ambientais dentro da área de reservafederal: criação de gado, desmatamento, garimpo ilegal,extração de madeira e de palmito sem autorização.O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acompanhou o primeiro diadas ações.“Há umsentimento de impunidade e de falta de alternativas sustentáveis.Nós temos que intensificar a repreensão e afiscalização, mas também as alternativas paraque essas pessoas possam viver com dignidade sem destruir”,defendeu Minc.Cerca de 700 cabeçasde gado – conhecidas como bois piratas, por ocuparem ilegalmente área de reserva – foram encontradas dentro doparque. Cerca de 600 delas pertenciam a uma mesma fazenda. Para garantir a pastagens dos bois, a proprietáriado terreno, Helena Salomão, desmatou uma áreatotal de 185 hectares. A multa pode chegar a R$ 1 milhão.“O Parque Nacionaldo Juruena está virando pasto e carvão. São 185 hectaresdesmatados, madeira recém cerrada e curral sendo construídopara botar mais boi. Isso é crime ambiental, tudo vai serapreendido, e as pessoas vão depor por crime ambiental”, afirmou o ministro.Os donos da fazendaterão 20 dias para tirar o gado do local, caso contrário oboi será confiscado pelo Ibama e pode ser doado ou leiloado.Algumas fazendas contam com grande infra-estrutura para as atividadesdentro do parque, incluindo pistas de pouso.Na fazenda SantoAntônio do Descoberto, a equipe de fiscalizaçãodo Ibama detectou o desmate recente de 30 hectares, tambémpara pastagem bovina. O gerente das terras, Sidney Leal, foi encaminhado para adelegacia do município de Nova Bandeirante, a 190 quilômetros dapropriedade, para abertura de inquérito. Ele alegou que a áreahavia sido desmatada há mais de dois anos, mas era possívelsentir o cheiro da queimada recente.“Tem gente que dizque é ilegal, outros dizem que não é, agora quea gente tá sabendo mesmo. Mas quando eu cheguei, há umano e meio, isso tudo já estava desmatado, não fui euquem fiz nada”, defendeu-se Leal. O dono da fazendapossui uma licença ambiental concedida pelo estado do Mato Grosso anterior àcriação do parque. Mas, segundo Minc, desde acriação da reserva, em 2005, esses documentos perderam ovalor e os proprietários precisam deixar as terras.A coordenaçãoda operação também identificou cinco garimposilegais, um deles ainda em atividade, o Clareira. De acordo com odiretor de Proteção Ambiental do Ibama, FlávioMontiel, a atividade já causou o assoreamento do rio, alémda contaminação da água por mercúrio.Na fazenda JorgeSalomão, o Ibama encontrou 11 metros cúbicos de madeira itaúbaextraída ilegalmente. A carga estava sendo levada para NovaBandeirante. Outra apreensão feita hojefoi a de 190 caixas de palmito extraído ilegalmente de dentroda reserva. Para produzir aquela quantidade de “palmito pirata”,como o produto foi apelidado pelo ministro, é necessárioderrubar cerca de 1 mil pés de palmeira. Nas embalagens, os fiscais encontraram ainda um número fictício de licença ambiental do Ibama.A Operação Ponta de Lançacontinua por sete dias com o apoio da Polícia RodoviáriaFederal. O Parque Nacional do Juruena foi criado em 2005. Com umaárea de 180 mil hectares, a reserva fica localizada no extremo Nortedo Mato Grosso, entre o Sul do Pará e do Amazonas.