Ex-ministro fala do papel de Itamar Franco na elaboração do Plano Real

09/09/2008 - 13h31

Daniel Lima e Kelly Oliveira
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Em evento de comemoração dos 200 anos do Ministério da Fazenda, em que ex-ministros estão apresentando uma visão histórica de sua gestão à frente da pasta, o ex-ministro, Paulo Haddad, procurou hoje (9) resgatar a imagemdo presidente Itamar Franco na elaboração do Plano Real, nadécada de 90. Segundo ele, é importante "focalizar na figura dopresidente para reatar os primeiro passos do Real", pois o próprioItamar Franco tem manifestado uma certa insatisfação em relação aoassunto. Na opinião do ex-ministro, Itamar Franco poderia, em função de ter herdado um mandato curto, teradotado uma postura mais conformista e menos arriscada, apresentando-secomo uma pessoa que estava à frente da transição do novo mandatopresidencial."Então,isso deve ficar claro, pois ele disse o seguinte: eu não deixo ogoverno sem uma moeda forte. Então é uma falsa querela do pontoconceitual ficar pesquisando quem é o pai do Plano Real", disse Haddad.Aolado de Zélia Cardoso de Mello, ministra no governoCollor, e autora do plano econômico que levou o nome, Haddad enfatizou que o programa de estabilização do Plano Realnão deixou para as administrações seguintes custos e riscos jurídicos,pois não houve "congelamento, tabelamento ou confisco de poupança ourecursos financeiros". "Então,o risco jurídico que ele tinha embutido era praticamente nulo. Opresidente Itamar nos dizia a todo o momento que não queria uma soluçãoque quebrasse contratos. Isso foi um ponto importante", afirmou.

PauloHaddad também citou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou próximo a 5%nos dois anos em que Itamar foi presidente. Quanto à divida externa, eledisse que sua gestão deu seqüência às negociações do governo anterior (do presidente Collor, que, ao sofrer impeachment, deu lugar à Itamar Franco).