Dieese aponta que reajuste ainda não é suficiente para recuperar renda do trabalhador

04/09/2008 - 19h05

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Apesar da melhora observada nas negociações salariais nos últimos anos, o ganho real alcançado ainda não foi suficiente para recuperar a renda média do trabalhador registrada em 2002. A avaliação foi feita hoje (4) pelo economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) do Rio de Janeiro, Jardel Leal.

O supervisor do Dieese no estado, Paulo Jager, acrescentou que, para que o trabalhador tenha um ganho real, é importante não interromper o crescimento da economia. “Aumento de juros e arrocho da política monetária são muito ruins”, disse.

Ele acredita que, no segundo semestre, quando ocorre o novo período de acordos salariais, de setembro a novembro, deverá melhorar o patamar das negociações, “porque os resultados das empresas, generalizadamente, são muito bons”.

Segundo ele, a redução do desemprego no país  ainda é localizada e não se pode dizer que contribuiu para aumentar o poder de barganha dos trabalhadores nas negociações por reajustes salariais, no primeiro semestre. Pelos estudos do Dieese, ainda há regiões metropolitanas que apresentam patamar elevado de desemprego, de até 15%. “É muito alto. Ainda tem muita pressão sobre a oferta de trabalho. Isso faz com que o nosso mercado de trabalho precise de um crescimento de 4% a 5% para a gente começar a sentir uma diferença  generalizada.” Em contrapartida, de acordo com Jager, falta pessoal em algumas categorias.

A avaliação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, mostra que os ganhos reais obtidos pelos trabalhadores, nas negociações por reajustes de salários, estão bem abaixo do crescimento da economia. “O PIB  está crescendo na faixa de  4,5% a 5% e os ganhos reais estão na faixa de 1%. Eles não estão andando na mesma velocidade", afirmou.