Demóstenes acredita que grampo foi feito por funcionário da Abin em desvio de função

04/09/2008 - 13h18

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que teve uma conversa com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, gravada irregularmente, prestou depoimento hoje (4) aos delegados da Polícia Federal (PF) responsáveis pelas investigações dos grampos telefônicos. Ele disse acreditar que o grampo foi feito por algum funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em desvio de função e acrescentou que a PF trabalha com a mesma hipótese."O foco principal é que eles contam mesmo com essa possibilidade inicial de ter sido algum espião absolutamente desviado de suas funções dentro da Abin", disse.Demóstenes disse ainda acreditar que a gravação da conversa tenha sido feita a partir de um grampo no celular de Gilmar Mendes e não do telefone fixo do seu gabinete. "Pelas circunstâncias do telefonema, que não estava previsto, o mais provável é que ele [Gilmar Mendes] tivesse sendo monitorado indevidamente. É mais fácil de fazer a escuta lá do que num fixo daqui que passa por PABX", disse.Enquanto prestava depoimento aos delegados, técnicos da Polícia Federal fizeram uma perícia nos telefones do gabinete e na central telefônica do Senado. Demóstenes afirmou que, por enquanto, nada foi encontrado. A mesma perícia já havia sido feita pela Polícia Legislativa da Casa ontem (3). "Não foi encontrado nada pela perícia do Senado Federal", comentou. Segundo Demóstenes Torres, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), autorizou a Polícia Federal a fazer perícias no sistema telefônico da Casa. "Eles já fizeram o serviço aqui e vão voltar a meu pedido. As portas foram abertas à Polícia Federal", disse.O senador se colocou à disposição para prestar esclarecimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara. Mas disse que só irá comparecer se o presidente do Supremo também estiver presente. "Se o Gilmar Mendes for, eu vou com prazer". Ele afirmou viver uma "sensação de paranóia de grampo". Mas algo concreto, foi a primeira vez".