Serra diz que Brasil perde flexibilidade em negociações multilaterais

03/09/2008 - 18h36

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O governador de São Paulo, José Serra, criticou hoje(3) a política externa do país. Ele defendeu o estabelecimento de acordos internacionaisbilaterais no lugar de parcerias em que o país se alia a um bloco, como ocorre noMercosul. Segundo ele, o Mercosul “não funciona na prática”.De acordo com Serra, o atual modelo do Mercosulsubmete as decisões do Brasil ao interesse do bloco. “Isso precisamudar”, disse. Segundo ele, com a união alfandegária em vigor, o Brasilperde “flexibilidade” nas negociações, o que pode prejudicar também osdemais países membros. “A importação de um medicamento da Índia e exportaçãode avião e de ônibus para lá poderia ser feita em um acordo bilateral. Mas, no modelo atual, tem que incluir Argentina, Uruguai e Paraguai, que,não necessariamente, se sentirão contemplados”, criticou.“Com a união alfandegária, que não funciona naprática, o que temos que fazer é, em cada negociação bilateral, carregarparceiros”, afirmou. O governador também criticou a possível entrada da Venezuela no Mercosul, ainda não aprovada pelo Congresso brasileiro: “Pelo amor de Deus, se entrar a Venezuela teremos maisparceiros para carregar”.Para Serra, seria mais vantajosomanter com os países do Mercosul apenas uma relação de livre comércio,na qual o Brasil fosse autônomo para negociar com o resto do mundo.“Hoje, não tem [autonomia]. O governo participou, no Rio, do Fórum Especial que discute o papel do Brasil no Bric, grupo formado ainda por Rússia,Índia e China).