Marco Aurélio espera resultados concretos da investigação sobre grampos no STF

03/09/2008 - 18h19

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministrodo Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello dissehoje (3) que não está satisfeito com as providênciasadotadas até agora pela Presidência da Repúblicaapós as denúncias de que a Agência Brasileira deInteligência (Abin) teria grampeado integrantes da Corte, entreeles o presidente Gilmar Mendes.“OSupremo aguarda resultados concretos. Por enquanto, ainda nãohá”, respondeu, ao ser questionado se o afastamento dacúpula da Abin era suficiente. “Nós tivemosafastamento. Espero que não haja, na espécie, bodeexpiatório”, acrescentou Marco Aurélio.Na linhado discurso proferido pelo presidente da Ordem dos Advogados doBrasil (OAB), Cezar Britto, na solenidade de posse do novo presidentedo Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha, oministro também considera que preceitos constitucionais têmsido desrespeitados no país. “Houveum descontrole demasiado. Venho dizendo há uns quatro anos quevivemos um período de perda de parâmetros e princípios.Temos que evoluir. As regras, principalmente as constitucionais, sãoestabelecidas para ser respeitadas.”O ministroressalvou, porém, não concordar com a expressão“estado de bisbilhotice”, usada por Cezar Britto, em seudiscurso, para descrever o momento vivido pelo país. “Éa República do apego às leis vigentes. Essa Repúblicaque imagino para o grande Brasil.”Aocontrário de Marco Aurélio, o também ministro doSTF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos AyresBritto, não quis se manifestar sobre as medidas adotadas peloPalácio do Planalto em relação àsdenúncias de escutas telefônicas que teriam sido feitaspela Abin. “Sobre isso, nós combinamos que somente opresidente do Supremo falaria porque ele foi o protagonista central,foi vítima. Então, só ele [Mendes] estáfalando sobre esse episódio.”