Expansão de universidades vai prejudicar qualidade do ensino, avalia sindicato

03/09/2008 - 19h02

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A expansão das universidades públicas federais por meio da criação de novas vagas e de novos locais de ensino sem a participação e a discussão da comunidade acadêmica vai comprometer a qualidade do ensino superior público. A avaliaçãoé do diretor regional do Sindicato Nacional dos Docentes dasInstituições de Ensino Superior (Andes), Luis MauroMagalhães. Hoje (3) o ministro daEducação, Fernando Haddad, anunciou a criaçãode 44 mil vagas nas universidades federais em 2009. A medida faz parte do Programa de Apoio aReestruturação e Expansão das UniversidadesFederais (Reuni). “Issocertamente vai prejudicar a qualidade do ensino superior público,está se fazendo uma expansão quantitativa, esquecendo aqualidade”, avaliou Magalhães, que também éprofessor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo o sindicato, oprograma não está se dando “de acordo com as demandase necessidades acadêmicas”, como por exemplo a garantia dotripé ensino, pesquisa e extensão. “Alguns cursosestão sendo implantados sem que os departamentos de ensino eos colegiados sejam ouvidos durante o processo”, afirmou.Outra preocupaçãoda entidade, segundo Magalhães, é a garantia do repassede verbas pela União. “Nos contratos entre os entre reitorese o MEC, a gente não tem uma expansão de recursoscompatível com a expansão que as universidades secomprometeram. Além disso, não existe uma obrigação, o governo entra com osrecursos para a universidade caso haja disponibilidade, nãohá garantia para os próximos anos ”, disse.Segundo oMEC, a verba repassada para o Reuni até 2012 será de R$2 bilhões. Magalhães citaainda casos de campi que estão sendo inaugurados sem que as obras de novosprédios estejam concluídas. “Na própria UFRJ foifeita uma expansão em que o prédio não estápronto e a universidade alugou um outro local muito precáriopara as aulas. Isso tem acontecido, são locais sem condiçõesmínimas de trabalho, sem laboratório, feito àspressas”, afirmou. O dirigente ressaltou que o Andes não écontrário à expansão, desde que nãoprejudique a qualidade.