Diretor do BNDES nega que tenha ocorrido desvio de recursos na instituição

03/09/2008 - 18h45

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O desvio de recursos doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),apontado na Operação Santa Tereza, realizada pelaPolícia Federal no primeiro semestre deste ano, não ocorreu dentro da instituição, mas pode ter  sido feito sob a responsabilidade dos contratantes, segundoexposição feita hoje (03) na CâmaraFederal pelo diretor de Crédito e Inclusão Social dainstituição, Elvio Lima Gaspar.Eledefendeu o BNDES, exemplificando que "uma verba proveniente doOrçamento da União que sofrer malversaçãona ponta, não significa que foi desviada do orçamento".Com esse argumento, Gaspar nega o envolvimento do banco nas irregularidadesencontradas pela Polícia federal.  Trata-se deempréstimos feitos à prefeitura de Praia Grande (SP) eàs Lojas Marisa, que teriam sofrido desvios, inclusive com a apresentação de notas frias e participaçãodo crime organizado.A Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmaraouviu o diretor do BNDES, arrolado como testemunha do deputado PauloPereira da Silva (PDT-SP) , o Paulinho da Força Sindical,acusado na Operação Santa Tereza de exercer influências para a liberação de verba e de participar do desvio dosrecursos. O BNDES realizou auditoria interna, explicou Èlvio,que constatou regularidade  nos procedimentos para a aprovaçãodos empréstimos feitos  à prefeitura de PraiaGrande e às Lojas Marisa.Orelator do Conselho de Ética, deputado Paulo Piaui (PMDB-MG), perguntou  ao diretor do BNDES sobre recursos nãoreembolsáveis que foram repassados em 2001 para a OrganizaçãoNão-Governamental (ONG) "Meu Guri", dirigida porElza Pereira da Silva, mullher de Paulinho da Força Sindical. Odiretor respondeu que o banco faz repasses de caráter socialpara entidades semelhantes, a fundo perdido. E negou influências de Paulo Pereira da Silva nos empréstimos. Além disso, afirmou jamais ter tido qualquer contato com o parlamentar.Orelator afirma que, "apesar de parecer mais evidente que o desviode recursos tenha acontecido na ponta, como sugere o diretor, nãose pode descartar num país como o Brasil a possibilidade de corrupção mesmo numa instituição bemestruturada como o BNDES". Por isso, o presidente da instituiçãovai ser convidado a depor no conselho, depois das eleições,uma vez que não está havendo presença suficiente deparlamentares, nesse período pré-eleitoral, para as reuniões. O prefeito de Praia Grande, que tambémfoi convidado, só poderá comparecer depois das eleições. O relator afirmou que o Conselho de Ética vaianalisar se ouve quebra de decorro parlamentar por parte de Paulinho,"e tem que fazê-lo sem corporativismo,  apesar de setratar de um colega, porque o Congresso Nacional anda muito mal vistono resto do país".