Pernambuco enterra Mestre Salu, um dos grandes nomes do maracatu e do coco

01/09/2008 - 18h56

Da Agência Brasil

Brasília - Um dos grandes nomes do maracatu,o pernambucano Manoel Salustiano Soares, mais conhecido como Mestre Salu, foienterrado hoje (1º), em Paulista (PE). Ele morreu ontem (31), aos 62 anos, dearritmia cardíaca, em decorrência do Mal de Chagas.

Há 20 anos, o mestre enfrentava a doença, queprovoca o aumento do coração. Mestre Salu nasceu em Aliança, a 90 quilômetros de Recife, e, desde jovem, lutou pela preservação de manifestações culturais daZona da Mata, como ciranda, coco, maracatu e caboclinho. Com seu estilo, omúsico influenciou uma série de artistas pernambucanos como Siba, Chico Sciencee Antônio Nóbrega.

Fundador do grupo Maracatu Piaba de Ouro, Mestre Salu é considerado um ícone da cultura popular brasileira. Intuitivo etalentoso, ele envolveu platéias e fez milhares de pessoas dançarem sob os maisdiversos gêneros musicais. Em 1997, eleparticipou, com o seu grupo, do Festival de Cultura Caribeña, em Cuba.

O músico gravou quatro álbuns: Sonho daRabeca, As Três Gerações, Cavalo-Marinho, e Mestre Salu e a Sua RabecaEncantada. O artista também foi assessor de Ariano Suassuna na Secretaria de Culturade Pernambuco.

Em 2007, ele foi homenageado pelo seus 54 anos decarreira ao receber o título dePatrimônio Vivo de Pernambuco.Para oministro da Cultura, Juca Ferreira, a história de Mestre Salu deixa váriaslições, entre elas o empenho em preservar edivulgar a cultura popular nordestina. "Mestre Salustiano nos ensinou que a tradição da cultura popular não deve se fechar aos novos meios e linguagens, por estar em constante movimento. Seu diálogo com as novas gerações permitiu que essa força não ficasse estacionada no tempo”, disse o ministro, em nota.Ferreira destacou ainda a contribuição que o músico deixou para o País. “Prova viva da diversidade cultural brasileira em permanente processo de revitalização. Do seu berço, Aliança, terra do Maracatu e do Cavalo Marinho, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Mestre Salu colocou o Brasil em uma pisada só, integral, sem divisas, realizando em sua própria vida a arte que assumiu.”