Senador oposicionista critica criação de cargos no Jucidiário, mesmo ausente de votações

28/08/2008 - 19h46

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O vice-líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), afirmou hoje (28) que seus colegas senadores promoveram um “trem de alegria de luxo” ao aprovarem, na madrugada de hoje, projetos de lei criando 1.138 cargos de confiança e funções comissionadas para os Tribunais Regionais do Trabalho do Espírito Santo e de Pernambuco, além do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Contas da União (TCU).Ausente nas votações desses projetos, realizadas simbolicamente, Álvaro Dias considerou que os senadores da oposição poderiam “ter resistido mais” à aprovação dessas propostas. Entre os parlamentares de oposição presentes às votações estava o próprio líder do PSDB, senador Arthur Virgílio Neto (AM).Os projetos de lei de criação dos cargos comissionados fez parte de um "pacote" acertado entre governistas e oposição, votado após a desobstrução da pauta. Nesse "pacote" constaram também sete projetos de decreto legislativo, que autorizaram o estado do Amazonas e os municípios de Manaus (AM), Belfort Roxo (RJ), Bagé (RS), Porto Alegre (RS), São Luís (MA) e Cachoeirinha (RS) a contraírem empréstimos junto a organismos internacionais, que somam US$ 376,62 milhões.Para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), a sessão não poderia ser obstruída por força de acordos que são recorrentemente firmados com a base do governo. Ele vinculou a aprovação das autorizações dos empréstimos para estados e municípios à aprovação de matérias como a de criação de cargos de confiança para setores do Judiciário.“O governo usa seu poder nefasto para fazer acordos para votar os financiamentos [contratações de empréstimos]. Se estamos aqui para defender os interesses dos nossos estados não poderíamos obstruir a sessão, porque deixamos de levar os benefícios aos estados”, afirmou Flexa Ribeiro.O líder Arthur Virgílio Neto (AM), por sua vez, rebateu qualquer possibilidade de acordo com a base aliada, que significasse uma barganha política. “Esse tipo de coisa não funciona comigo”, afirmou. “Eu aprovei com consciência e rejeitei com consciência aquilo que minha consciência mandava. Não posso cobrar celeridade da Justiça e negar a ela o aparelhamento”, afirmou Virgílio.Já o petista Eduardo Suplicy (SP), que também permaneceu no Senado até o fim das votações, reconheceu que faltou uma apreciação mais aprofundada dos projetos que criaram os cargos comissionados e funções de confiança para setores do Judiciário. Para ele, isso se deve ao volume de matérias apreciadas ontem.“Quando ocorrem situações como esta, sempre há esse problema de não se examinar suficientemente o conteúdo dos projetos, como esses que acabaram criando cargos, não por concurso público, mas de uma forma que me parece exagerada”, disse Eduardo Suplicy.