Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Estudo sobre o futurodo mercado de etanol e de biodiesel, encomendado pela Federaçãodo Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) mostra quenão há risco de escassez de alimentos no mercadointernacional em decorrência do avanço das áreasplantadas com cana-de-açúcar para o aumento da produçãode etanol. Os resultados doestudo foram apresentados hoje (19), em São Paulo. De acordocom o economista Fábio Silveira, coordenador do levantamento,é viável expandir a oferta de álcool combustívelsem a necessidade de substituir culturas como a de grãos, porexemplo. “Não vejo uma relação de causa eefeito“, disse. Segundo Silveira, aparticipação da cana-de-açúcar naagricultura, hoje, está em torno de 2,5%. Para ele, háespaço suficiente no território brasileiro para abrigartanto o crescimento da cana, como de grãos. “Temos entre 80milhões a 90 milhões de hectares de terrasdisponíveis”, afirmou. O economista calcula que a produçãode etanol dobre até 2015, alcançando o volume de 52bilhões de litros. Ele explicou que a estimativa foi feita combase na velocidade do consumo e no crescimento dos investimentos queo setor vem recebendo.O economista disseque o aumento do preço da soja no mercado internacional nãoestá restrito à crescente demanda do consumo, que temocorrido, principalmente, na Ásia. A alta do grãoestaria, sim, relacionada a um movimento especulativo que afetatambém outras commodities, produtos e serviçosnegociados no mercado internacional.Pelas projeçõesdo estudo, haverá um aumento da oferta brasileira de soja,passando da marca atual, que está entre 55 milhões a 60milhões de toneladas, para 90 milhões de toneladas.O estudo aponta aindaque o Brasil vai figurar entre os principais produtores de etanol, aolado dos Estados Unidos, onde a produção projetada éde 56 bilhões de litros.De acordo com oeconomista, os cálculos indicam que, dentro dos próximossete anos, haverá também um recuo na média dospreços praticados no mercado interno. “O preço devecair porque vão maturar os vários projetos emdesenvolvimento, o que permitirá um choque de oferta.” No mercado internacional, a expectativa éde que os grandes consumidores, nos próximos anos, sejam osEstados Unidos – que também vão aumentar a produçãode etanol à base de milho - e o Japão.Já as projeções feitas para obiodiesel indicam que a oferta deverá ser triplicada, passandode 1,13 bilhão de litros para 3 bilhões de litros. Amaior parte, segundo Silveira, será processada a partir doóleo de soja e o restante dividido entre o óleo depalma, o algodão, a mamona e o girassol.O físico José Goldemberg, presidentedo Conselho de Estudos Ambientais da Fecomércio e professorassistente da Universidade de São Paulo (USP), destacou que opotencial de energia que existe a partir do uso do bagaço dacana-de-açúcar, só com a produçãoda região de Ribeirão Preto, no interior paulita, jáé enorme. “Há uma Itaipu adormecida”, disse.