Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O estabelecimento de um novo padrão civilizatório no mundo, que reduza as desigualdades sociais, exigirá que pelo menos 2/3 das riquezas globais sejam utilizados para a constituição de um fundo público, “não necessariamente estatal”.A proposta foi apresentada hoje (6) pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, no seminário Instituições para Inovação, realizado no Copacabana Palace Hotel, no Rio de Janeiro.No século 19, esclareceu o presidente do Ipea, havia um fundo público que respondia por 5% da riqueza mundial. Esse percentual subiu para 35% a 45% no século 20, disse Pochmann. Segundo expôs, o desafio no século 21 “é nós passarmos para uma situação em que o fundo público represente 2/3 ou mais da riqueza gerada”. Ele chamou a atenção para o fato de que essa riqueza global, como é concebida tradicionalmente, seria estimada hoje em torno de US$ 48 trilhões. Entretanto, quando esse conceito é ampliado e abrange também a chamada produtividade imaterial, que engloba os recursos negociados nos mercados financeiros e bolsas de valores, a riqueza mundial sobe para US$ 200 trilhões.Pochmann avaliou que esses recursos advindos da produtividade imaterial “não estão sendo considerados do ponto de vista da disputa dos ganhos de produtividade”. Isso decorre do fato de que todos os ganhos convergem para a produtividade material.O presidente do Ipea analisou que o fato de o crescimento da produtividade imaterial não estar sendo fonte de repartição aumenta a desigualdade no mundo. Ele acredita que uma melhor repartição dessa produtividade imaterial permitirá que se construa um novo padrão civilizatório superior ao que existe hoje. “Porque as bases materiais e imateriais da economia permitem esse salto. Isso significa libertar do trabalho heterônimo”.De acordo com informação da área técnica do Ipea, por trabalho heterônimo entende-se o trabalho atual, pela sobrevivência, que precisa ser superado de forma a que o homem atinja o nível de trabalho autônomo.