Pesquisador da FGV aponta tendência de queda nos preços do arroz e do feijão

04/08/2008 - 16h58

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A alta dos preçosdo arroz e do feijão, que chegou a 5,5% nas prateleiras dossupermercados, já se estabilizou e a tendência agora éde queda. A afirmação foi feita hoje (4) pelopesquisador Mauro Lopes, do Centro de Estudos Agrícolas doFundação Getulio Vargas (FGV), em entrevista àRádio Nacional. Segundo Lopes, a saca de 60 quilos de feijão,que chegou a R$ 230, atualmente custa R$ 190. Já o preçodo saco de 50 quilos de arroz com casca, está estávelem R$ 33 e o fardo do arroz beneficiado custa R$ 39. “Um preçomuito bom”, afirmou o pesquisador.Ele atribuiu a alta dos dois produto no mercadointerno ao aumento da demanda das classes C e D, que tiveram um“reajuste” no padrão de consumo. “Caiu a ficha para nós,que acompanhamos o mercado: as classes C e D fizeram um reajuste nopadrão de consumo alimentar maior do que esperávamos. Amanutenção dos preços altos do arro e do feijãose deve à maior demanda pelos produtos.”Lopes ressaltou que não houvedesabastecimento de feijão, o que justificaria a alta nopreço. Ao contrário, a produção deste anodeve ser recorde: “Teremos nesta safra elevação dequase 100 mil toneladas. Produzimos 3,3 milhões nas trêssafras do ano passado e, este ano, produziremos 3,4 milhões detoneladas. Então, [a alta do preço] nãofoi por falta do produto, mas pela expansão do consumoturbinado pelo aumento de renda.”O pesquisador lembrou que a primeira safra defeijão deste ano enfrentou problemas climáticos, mas asegunda foi muito boa, superando as expectativas. A terceira, que éirrigada, deve ser recorde. “O que está acontecendo nãoé problema com a oferta, nem de arroz e de feijão. Oscomerciantes da Bolsinha, emSão Paulo, onde é comercializado o atacado, seguraramum pouco o produto na esperança do preço se elevar, masa perspectiva não se confirmou.”Mauro Lopes destacou, entretanto, que a escaladados preços do arroz e do feijão não significou,maiores ganhos para os produtores. “O fato é que osprodutores estão recebendo bem mais, mas não aqueletotal do impulso que foi dado ao preço internacional”, disseo pesquisador. Ele explicou que o reajuste não foi repassadoaos produtores por causa da alta do frete e do crescimento dasdespesas de comercialização.O pesquisador disse que, no final do ano, épossível haver nova alta dos preços do arroz e dofeijão, devido ao aumento do consumo.