Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro da Fazenda,Guido Mantega, reafirmou hoje (4) que acredita na manutençãodo crescimento econômico este ano e em 2009, embora em níveisabaixo do que vinha sendo registrado até agora. Ele rebateu ascríticas de analistas econômicos que pensam o contrário.“O governo nãopermitirá uma desaceleração para esse nívelde crescimento em 3,5%“, afirmou durante encontro promovido pelarevista semanal Carta Capital. De acordo com oministro, a previsão de crescimento da economia para este anoé de 4,5% a 5% ante os 5,4% do ano passado. Para 2009, oministro acena com a possibilidade de, no mínimo, umcrescimento em torno de 4%.Mantega reiterou que asmedidas de combate à inflação “nãodevem abortar o crescimento da econômico”, conforme jáafirmara, na última sexta-feira, em encontro com executivos dosetor de infra-estrutura. Ele voltou a observarque todos os índices inflacionários já mostramos efeitos do ajuste da política fiscal e monetária eque se necessário for o governo aumentará ainda mais ameta do superávit primário - economia que o paísfaz para pagar a dívida -, que passou de 3,8% para 4,3% doProduto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos bens eprodutos produzidos no país. “A dose do remédionão deve exceder a necessidade do doente”, ressaltou oministro.O ministro disse queacredita que após sucessivas quedas, a moeda norte-americanacaminha para “um patamar mais adequado”. A continuidade do recuodo dólar poderia comprometer as contas externas, mas paraMantega isso não vai acontecer. Em oposiçãoao que diz Mantega, o ex-ministro Delfim Netto declarou-se céticoquanto à evolução da economia. “Não hánenhuma garantia que não vai abortar o crescimento”, disseele, disparando críticas ao método adotado para ocontrole da inflação.Na avaliaçãode Delfim Netto, o comportamento do Banco Central deveria ser decautela e em sintonia com as demais instituições dogênero no restante dos países no combate ao aumento dainflação, que ele define como “planetária”por estar associada à elevação de preçosdas commodities dos alimentos, dos metais e do petróleo.“Os Bancos Centraisestão esperando o otário que aumenta primeiro”, disseo ex-ministro. Para Delfim Netto, oessencial é concentrar os esforços no corte dos gastosdo governo. O economista e tambémex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira disse que faltauma política de médio prazo e que a atual taxa decâmbio “é suicida”.Ele defendeu anecessidade de um ajuste fiscal maior do que o que já vemsendo feito e prevê o risco nas contas do balanço depagamento dentro de dois ou três anos, caso persista a atualapreciação cambial.