Paula Laboissière
Enviada especial
Buenos Aires (Argentina) - O presidente Luiz Inácio Lulada Silva afirmou hoje (4) que a “frustração”durante as negociações da Rodada Doha, da OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC), exige que Brasil e Argentinamultipliquem esforços para eliminar “distorções”nas barreiras ao comércio exterior. De acordo com Lula, osdois países podem liderar a resposta do Mercado Comum do Sul(Mercosul) ao desafio.“Nossa aliança estratégicaé a espinha dorsal desse projeto. Com o fortalecimento denosso bloco e as iniciativas de integração regional,estamos lançando as bases de um estado sul-americanoverdadeiramente unido e capaz de nos projetar globalmente.”Ao participar de encontro empresarialentre Brasil e Argentina, Lula destacou que os biocombustíveis,em particular, podem se tornar “importante alternativa” pararetirar países pobres da insegurança alimentar eenergética, além de representarem promessa na geraçãode emprego e renda.O presidente lembrou que o Brasil jáé o terceiro maior investidor na Argentina – desde 2002, éo primeiro investidor no país em fluxo de capital. Lularessaltou que muitas empresas brasileiras apostam na Argentina, pormeio de fábricas “tecnologicamente avançadas ecompetitivas” provenientes de setores “estratégicos”como energia, alimentos, bebidas, têxtil, cimento e siderurgiae que, da mesma forma, capitais argentinos no Brasil conquistamespaço em áreas “cruciais” como infra-estrutura,alimentos e fármacos.“Uma Argentina industrializada ecompetitiva fortalece o Brasil e o Mercosul. Por isso, CristinaKirchner [presidente da Argentina] e eu examinamos medidasconcretas para reforçar esse ciclo virtuoso. No Brasil, jáestamos dando um passo importante, com a criação de umfundo soberano que ajudará empresas brasileiras e investir naAmérica do Sul e na América Latina.”De acordo com o presidente, “nãotem sido fácil” construir alternativas para resgatar adívida social brasileira, tarefa que exige vontade políticae compromisso, além de políticas macroeconômicas“resistentes”, que possam estimular o investimento produtivo egarantir o crescimento a longo prazo.Lula disse que a economia mundialvive um momento de turbulências e de incerteza e que aspressões inflacionárias em escala global e aespeculação financeira encarecem alimentos, energia ematérias primas. Ele destacou ainda que os subsídiosprovenientes de países ricos inibem investimentos em paísescom vocação agrícola como Brasil e Argentina.“Nossos empresários dos setoresagroalimentares têm relevante papel na superaçãoda crise alimentar que o mundo vive. As parcerias entre empresas daregião são decisivas para nossa inserçãocompetitiva na economia mundial.”