Diplomata diz que mesmo com crise argentina empresários brasileiros apostam no país vizinho

04/08/2008 - 6h39

Paula Laboissière
Enviada especial
Buenos Aires - Apesar da crise desencadeada em2001, que ainda afeta a a Argentina, os empresários brasileiros ainda apostam no paísvizinho. É o que garante o conselheiro da embaixada do Brasil na Argentina,Rodrigo Baena. Segundo ele, atualmente os investimentos brasileiros no paíschegam a US$ 8 bilhões e esse intercâmbio comercial deve ser mais facilitado com a visita do presidente Luiz Inácio Lula daSilva e o encontro que terá com a presidente Cristina Kirchner, que pode incentivar não apenas investimentosbrasileiros na Argentina como atrair empresários argentinos para o Brasil.

Lula chegou a Buenos Aires noinício da noite de ontem (3). Acompanhado por 264 empresários brasileiros, eleparticipa hoje (4) da cerimônia de abertura de um encontro empresarial entre oBrasil e a Argentina. A comitiva de empresários brasileiros deve se juntar a 100 participantes do seminário Argentina-Brasil: uma Aliança ProdutivaChave, a partir das 10h. 

“É uma aposta, uma confiança quefoi demonstrada pelo setor empresarial brasileiro em um país importantíssimopara nós e de grande relevância nas relações exteriores”.

Baena ressalta que osinvestimentos brasileiros na Argentina se destinam a setores como o têxtil, osiderúrgico e o automobilístico e que há “uma ampla gama de interessesbrasileiros” no país vizinho.

“É o nosso principal parceirocomercial. Tudo dentro de um fundo político importante, já que há umadeterminação do presidente Lula e da Cristina [Kirchner] de continuar avançando edesenvolvendo ainda mais as relações entre os dois países”. 

O conselheiro destaca que esta éa terceira visita de Lula à Argentina e que os encontros bilateraistêm contribuído para que diversos projetos de integração na América do Sulavancem. Ele avalia que o “grau de intimidade” entre os dois países é“expressivo” e lembra que a presidente argentina também tem visita marcada ao Brasil nodia 7 de setembro – quando participa como convidada especial do governobrasileiro das festividades da Independência.

“Estamos chegando a um comércioentre os dois países de US$ 30 bilhões até o final do ano. Há uma densidadeentre os dois países que sustenta esse enorme número de visitas”.

Sobre asnegociações da Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio (OMC), ele negaque a posição assumida pelo Brasil tenha posto o como “traidor" dos demais da América do Sul, inclusive a Argentina. De acordo com Baena, “não houvenenhum tipo de clima nesse sentido”.

Para o conselheiro, a decisão deCristina de liberar as exportações de trigo para o Brasil – mesmo diante dainvestida do governo argentino de aumentar as tarifas de exportação para osprodutores rurais no país – demonstra “boa vontade” com um item importantena pauta de importações brasileira.