Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Umprojeto que leva a Previdência Social a quem mora longe dospostos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi reconhecido recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como um exemplode experiência inovadora para a inclusão. O PrevBarco viaja até as comunidades ribeirinhas da Amazônia para o atendimento e a concessãode benefícios da Previdência Social. Esta semana, representantes da OIT e doMinistério da Previdência visitaram o municípiode Saure, na Ilha de Marajó (PA), para conhecer o projeto.“Agente sabe que na Amazônia a estrada é o rio. Existeuma programação com datas fixas e as comunidades seprepararam para receber o PrevBarco. Em alguns lugares a chegadainclusive é motivo de festa”, conta o gerente regional do INSS, AndréFidelis.Atualmente,três barcos trabalham no projeto que já existe hácinco anos, mas só ganhou a agilidade necessária nosúltimos meses, com o atendimento online. A internet chega viasatélite e permite que a concessão de benefíciosseja realizada no próprio barco. “Oque acontecia antes é que esses barcos passavam nascomunidades, pegavam a documentação, montavam oprocesso e depois de alguns meses tinham que retornar para darresposta ao segurado”, explica Fidelis.Osserviços oferecidos são os mesmos de uma agênciafixa: salário-maternidade, pensão por morte, benefícios assistenciais, aposentadoria por idade e tempo de contribuição, entre outros. Os barcos realizam ao ano no Parácerca de 17,4 mil atendimentos com cerca de seis funcionáriospor barco. De acordo com o coordenador do PrevBarco no estado,Francisco Feio, são cerca de 80 pessoas atendidas por dia nosmunicípios. O salário-maternidade e a aposentadoriarural são os mais solicitados.“Oproblema é que muitas vezes a gente não tem médicopara a perícia, o que poderia agilizar muito o atendimento”,aponta Francisco. Ele também reclama que em alguns municípios aequipe não conta com o apoio da prefeitura para facilitar osatendimentos e muitos benefícios deixam de ser concedidos por falta de documentação.SuziSouza, 25 anos, moradora de Saure (PA), foi até a agênciamóvel representando os pais para obter informaçõessobre a concessão de benefícios. “Minha mãe quer se aposentar portempo de serviço e o meu pai teve um derrame, então agente está tentando os benefícios”, conta. SegundoSuzi, a viagem até a capital Belém para ter acesso aos serviçosda Previdência é inviável para a maioria.“Sóacho que eles ficam muito pouco tempo [em cada cidade], poderiam ficar mais porque émuita gente e aí infelizmente não dá paraatender todo mundo”, defende a jovem. Os barcos ficam em média umasemana em cada município.SegundoFidelis, até o fim de 2008, o número de barcosatuando na região deve subir para 11. Novos contratos estãoencaminhados, além de parcerias com embarcaçõesda Marinha e o governo do estado do Amazonas. “A gente gostaria de voltar às comunidades em um menor espaçode tempo. Como são diversas comunidades, com quilometragensaltíssimas e a velocidade do barco não é rápida,não dá para voltar tantas vezes”, lamenta.Alémda inclusão social, Fidelis destaca o carátereconômico do projeto. “Hoje o ministério tem umaparticipação nessas comunidades maior do que o Fundode Participação dos Municípios. A gente com certeza dáum resultado socieconômico de fundamental importânciapara a sociedade”, avalia.