Amorim volta a criticar postura de países desenvolvidos em negociação agrícola

19/07/2008 - 13h35

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em Genebra,na Suíça, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou novamentea posição dos países desenvolvidos nas negociações agrícolas da Rodada Doha.Ele considera que o texto da agricultura ainda tem muitos pontos em aberto queprecisam ser discutidos pelos países em desenvolvimento que formam o bloco G-20, grupo que reúne os principaispaíses ricos e emergentes do planeta e que tem reunião ministerial hoje (19).“Os países desenvolvidos dizem que já fizeram muitas concessões e que, graças aisso, as negociações agrícolas estão praticamente concluídas. A realidade é queo texto de agricultura acabou incorporando todo tipo de exceção e privilégiopara acomodar as alegadas dificuldades dos países desenvolvidos, e o resultadoé que muitos pontos estão em aberto”, defendeu.O ministro disse que determinados países e produtos recebem tratamentoespecífico no texto das negociações e enumerou alguns pontos que considera queestão em aberto, como a redução dos subsídios ao algodão:“Os países ricos têm usado uma lógica de 'dois pesos e duas medidas'. Quandofalam em cortes dos seus subsídios em agricultura, referem-se a valores'consolidados' na OMC [Organização Mundial do Comércio], e os cortespropostos não prevêem, na prática, redução alguma dos subsídios hojeefetivamente praticados. Já quando criticam os países em desenvolvimento emNama [comércio de produtos agrícolas e de bens não-agrícolas], só levamem conta reduções de tarifas aplicadas, e não das tarifas consolidadas na OMC”,criticou.Amorim pediu aos países do G-20, que considera como “principais atores” daRodada de Doha, assim como a outros blocos de países em desenvolvimento, que sejamambiciosos ao negociar, mesmo que saibam de suas fragilidades políticas.“Precisamos ser ambiciosos, mas também realistas. Estou preparado para levar emconta as limitações políticas que os países têm na área agrícola. Mas elesprecisam saber que isso tem conseqüências em outras áreas. Não podemos chegar aum resultado desequilibrado. Como eu já disse, um carro usado pode ser útil. Oque não se deve é pagar o preço de um carro novo por um usado”, comparou.