Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Sete pessoas devem ser citadas como responsáveis pelomaior acidente da história da aviação brasileira no relatório da Polícia Civilque será encaminhado ao Ministério Público. Em entrevista coletiva concedidahoje (14), em São Paulo, o delegado Antonio Carlos Menezes Barbosa, quecoordena as investigações sobre a queda do Airbus A320 da TAM, ocorrida emjulho do ano passado, não informou os nomes nem os cargos dos possíveis indiciados,mas confirmou que a responsabilidade deve ser partilhada “de sete a dezpessoas. Provavelmente, só sete.”“Já temos, mais ou menos, uma lista de quem vamos citar [norelatório]. Mas não vamos falar para não atrapalhar as investigações”, afirmouBarbosa à imprensa.De acordo com o delegado, os indiciados devem responderpelos crimes de lesão corporal culposa e homicídio culposo, ou seja, semintenção. Ele disse ainda que as investigaçõesapontam negligência e imprudência como causas do acidente que matou 199pessoas e feriu outras 15.O delegado afirmou que o inquérito do caso deve ser concluído emoutubro. Segundo ele, a polícia só aguarda a conclusão do laudo do Instituto deCriminalística, além da chegada de algumas cartas precatórias, com depoimentode diretores e ex-diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac),Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e sindicatos, para encerrar seu relatório de investigação. “Mas mesmo que ascartas não sejam remetidas, vamos suprir a falta dessas declarações comdepoimentos feitos por essas pessoas na CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] do Apagão Aéreo”, complementou.O laudo, disse o delegado, deve ficar pronto em meados desetembro. O perito Antonio Nogueira disse estar finalizando seus estudos. Entre as conclusões está a de que a pista do Aeroporto de Congonhas tinha amacrotextura dentro dos padrões exigidos. “O requerido é que a pista tenha umamacrotextura de 0,5 milímetro ou mais. A pista de Congonhas tinha 0,6milímetro”, disse o perito, ressaltando, porém, que outras falhas na área de pousocolaboraram com o acidente.“A pista de Congonhas tem 1.940 metros de extensão. A pistamais curta de Cumbica tem 3.000 metros”, complementou Nogueira. “Em Cumbica,indiscutivelmente, o acidente poderia ter sido evitado.”Nogueira disse que não houve falha mecânicano manete usado para desacelerar o avião. “Já fizemos vários testes e nãoconstatamos falha mecânica. Agora, precisamos saber se o piloto errou ao nãodesacelerar o avião ou se algum outro fator fez com que ele mantivesse aaceleração.”Após a conclusão do relatório da polícia, o MinistérioPúblico terá de enviar denúncia à Justiça com as conclusões do órgão sobre a responsabilidade pelo acidente. Se a Justiça acatar a denúncia, os indiciados responderão a processo sobre o caso.