Juiz afirma que mandaria prender Daniel Dantas de novo se fosse preciso

14/07/2008 - 19h39

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O juiz Fausto deSanctis voltou a defender, no final da tarde de hoje (14), que "tomoua decisão que achou que deveria tomar" ao decretar aprisão do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta na semana passada. Todos estão soltos por força de habeas corpus concedidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmas Mendes.O juiz negou que tenhaautorizado o monitoramento do Supremo Tribunal Federal (STF)."Nunca vaiexistir, da minha parte, monitoramento de pessoas com prerrogativasde instrução, até porque não éminha atribuição. Prezo muito o meu trabalho e nãopreciso desse tipo de expediente para qualquer fim", afirmou noevento realizado na sede da Justiça Federal, em SãoPaulo, em que juizes fizeram um manifesto em seu apoio. O juiz admitiu que norelatório feito pela Polícia Federal durante a OperaçãoSatiagraha "existem diálogos constantes retratando tudo etodos".O banqueiro DanielDantas foi preso na última terça-feira (8) pela PolíciaFederal sob a acusação de comandar uma organizaçãoenvolvida em corrupção, lavagem de dinheiro, evasãode divisas, sonegação fiscal e formaçãode quadrilha. Ele foi libertado namadrugada de quinta-feira (10) após ter obtido um habeascorpus no Supremo Tribunal Federal (STF), expedido pelopresidente da corte Gilmar Mendes. Na mesma quinta-feira,de Sanctis declarou novamente a prisão de Dantas. Um diadepois, Gilmar Mendes concedeu um novo habeas corpus e obanqueiro foi solto por volta das 20h30 da última sexta-feira(11). O prende e solta deDantas gerou uma crise entre o STF e as instâncias de Justiçainferiores."Tomaria a mesmadecisão se preciso fosse. É aquela história quevivo falando: convicção é convicção,às vezes pode não agradar à própriapopulação, mas se eu estiver convicto, vou fazer. O queme causa estranheza é que um juiz no Brasil, que se considerademocrático, é obrigado a vir a público parafalar que ele está executando, simplesmente, sua funçãonatural de juiz", disse Fausto de Sanctis, acrescentando tertomado as decisões sem nenhum tipo de influência.O juiz disse estartranqüilo e não intimidado, preferiu não comentaras decisões do ministro Gilmar Mendes. "Nãogostaria de comentar o que o ministro fez, até em respeito àinstituição que ele representa. Acho que as associaçõese muitas pessoas da sociedade civil estão se debruçandosobre tudo isso e fazendo suas próprias análises".