Regiões metropolitanas concentram 10% do desenvolvimento cultural do país

10/07/2008 - 18h53

Morillo Carvalho
Enviado especial*
Florianópolis - Dividido pelas 137mesorregiões do Brasil (regiões com geografia,sociedade e economia similares), o Indicador de DesenvolvimentoCultural (Idecult, nome provisório), que será lançadooficialmente em agosto pelo Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), mostra que 10% das riquezas geradas pela cultura dopaís ficam concentradas nas regiões metropolitanasbrasileiras.O dado foi apresentado pelo desenvolvedor do Idecult,pesquisador do Ipea Frederico Barbosa, em painel sobre a economia dacultura e sua relação com os museus no 3º FórumNacional de Museus. O evento ocorre em Florianópolis desde aúltima segunda-feira (7).O indicador leva em conta cincoíndices diferentes, que medem tanto a produção eo fomento culturais nos municípios quanto o consumo culturalda população.Além do dado sobre aconcentração nas regiões próximas àscapitais, apenas 19 mesorregiões superaram o índice de0,47 – assim como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),o Idecult é medido de 0 a 1 – o que significa que, na grandemaioria dos municípios, a oferta e o consumo cultural sãomuito baixos.Entre as mesorregiões mais desenvolvidasculturalmente – e aí estão incluídas asregiões metropolitanas –, 13% ficaram com o indicador entre0,47 e 0,87. Entretanto, nos pequenos municípios, com menos de10 mil habitantes, pelo menos 54% dos domicílios realizam pelomenos um gasto com cultura por ano – o que significa comprar umlivro ou ir ao cinema.Este número é mais de 20%maior nos 13 municípios brasileiros com mais de 1 milhãode habitantes: chega aos 77%. Entre as regiõesdo país, a que tem o maior percentual de domicílios querealizam este gasto é a Sul: 84,5%. Outro dado relevante doIdecult: apenas 4% dos municípios são responsáveispor 74% do consumo cultural do país.O indicador tambémmede a situação de trabalho no setor cultural. Deacordo com os dados apresentados por Barbosa, aferidos pelo CadastroNacional de Atividades Econômicas (Cnae), um dos índicesdo Idecult que mede a participação das empresasculturais, os empregados na área são 4% do totalbrasileiro.Nas maiores cidades do país, o número équase o dobro: 7,7%. Do total destes empregos, 41% sãoinformais – número muito maior nos municípios commenos de 10 mil habitantes, que é de 70%.Já osdados do Código Brasileiro de Ocupações (CBO),também levados em conta para a medição doIdecult e que avaliam o número de profissionais culturais –entre eles, arquitetos, publicitários e artesãos –mostram que 1,148 milhão de pessoas no país trabalhamno setor cultural. Elas representam 1,7% das ocupaçõesnacionais.O índice aponta, ainda, que 62,9% dosprofissionais culturais estão na informalidade. No teatro, onúmero é ainda maior: 80%. Mostra ainda que essasprofissões remuneram, em média, 53% a mais que asoutras ocupações – no Distrito Federal, a remuneraçãomédia é de R$ 1,49 mil, enquanto no Maranhão, amédia é de R$ 306.