Ministro da Defesa diz não estar preocupado com frota marítima norte-americana

10/07/2008 - 15h34

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Defesa,Nelson Jobim, disse hoje (10) não estar preocupado com areativação da Quarta Frota da Marinha dos EstadosUnidos. “Não estamospreocupados com isso. Evidentemente, os norte-americanos podem fazero que bem entenderem, mas fiquem certos de que nas 200 milhasbrasileiras a Quarta Frota não participará [entrará]”,afirmou Jobim, ao ser questionado se a iniciativa poderia serinterpretada como um sinal de que o governo norte-americano pretendemanter a América Latina sob sua área de influência,principalmente após as recentes descobertas de petróleodentro das 12 milhas do mar territorial brasileiro.O ministro disse quenão conversou com representantes do governo norte-americanosobre o assunto. Ele revelou, no entanto, que viajará aosEstados Unidos no final do mês para, entre outros assuntos,discutir o tema com o chefe do Comando do Sul, almirante JamesStavridis, a quem está subordinada à Quarta Frota.A Quarta Frota foicriada pela Marinha dos Estados Unidos em 1943 para enfrentar oavanço nazista durante a Segunda Guerra Mundial, e desativadaem 1950, quando a responsabilidade pelas operaçõesnavais norte-americanas no Caribe e nas Américas do Sul eCentral, com exceção do México, foi incorporadaà Segunda Frota. Durante sua visita aoBrasil em maio deste ano, o almirante Stavridis alegou que oprincipal objetivo para que a Quarta Frota fosse recriada é apossibilidade desta prestar ajuda humanitária e colaborar coma luta contra o terrorismo e o narcotráfico. A versão foiendossada ontem (9) pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil,Clifford Sobel, ao receber os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP),Pedro Simon (PMDB-RS), João Pedro (PT-AM) e Cristovam Buarque(PDT-DF). O encontro foisolicitado pelos senadores porque existiam rumores de que areativação da Quarta Frota teria sido motivada peladescoberta de petróleo a 300 quilômetros da costamarítima brasileira ou por uma tentativa de controlar paísesda região com governos considerados "incômodos"por Washington, especialmente a Venezuela.“Depois de ouvir oembaixador dizer que a Quarta Frota teria motivaçõeshumanitárias, perguntei ao embaixador quantos médicosfariam parte dela, e também questionei a quantidade de naviose o tipo de atendimento que prestariam ajuda em águasbrasileiras. Estranhamente, ele não soube responder”,comentou o senador João Pedro.Sobel teria informadoaos senadores que a Quarta Frota não terá naviospermanentes e será composta por 120 pessoas baseadas no estadoda Flórida.